Professor explica chuvas atípicas no mês de outubro em Teresina

Os últimos meses do ano são característicos pelo sol forte e as altas temperaturas na cidade de Teresina com a chegada do B-R-O BRÓ. No entanto, as intensas chuvas acompanhadas de rajadas de vento que caíram sobre a Capital nos últimos dias causaram estranheza à população. Para explicar esse fenômeno, o GP1 entrevistou o professor de Geografia da Universidade Estadual do Piauí, Werton Costa.

De acordo com o professor, cada mês possui carga pluviométrica de chuva própria, que oscila entre 9 e 12 milímetros. Para outubro, Werton Costa informou que o fator corriqueiro que provocou precipitações inesperadas na Capital foi a chegada do Vórtice Ciclônico de Alto Nível (VCAN). Segundo ele, regiões que integram a borda desse sistema atmosférico estão sujeitas a temporais rápidos.

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• Foto: Raissa MoraisWerton Costa

“A borda do VCAN é instável. Ela favorece a formação rápida de nuvens. As nuvens que se formam na borda do VCAN crescem rapidamente e quanto mais rápido elas crescem, mais rápido elas congelam. Essa camada de gelo que está em grande altura é que provoca a precipitação de granizo, descargas elétricas e principalmente as rajadas de vento. Essas rajadas de vento que foram visualizadas em Teresina nos dias 04 e 11 são o resultado dessas nuvens de crescimento vertical, a cumulus nimbus”, explicou o professor.

Vem mais chuva por aí

Entretanto, Werton Costa revelou que as nuvens de precipitação que chegaram sobre Teresina apresentaram problemas na manutenção da umidade relativa do ar, variando entre 30% e 40%, valor abaixo do esperado. Esse fator resultou em um colapso atmosférico, registrando rajadas de vento acima de 80 km/h. A previsão é de mais chuvas esta semana.

“Esse é o fenômeno da chamada micro-explosão. Nem toda chuva de outubro virá necessariamente acompanhada de rajadas. O que vai caracterizar essa condição é a quantidade de calor e a presença do VCAN. Nós temos um novo VCAN chegando essa semana, que deve instabilizar a atmosfera do Piauí, provocando chuvas isoladas”, disse o docente.

• Foto: José Anastácio de Sousa AguiarNuvens em formação na Capital é sinal de precipitação a nível moderado, acompanhada de ventos fortes

O professor Werton Costa ainda faz um alerta acerca dos próximos temporais. “É fundamental ter muita cautela, agir com muita prudência, observando uma cultura de risco, observando os locais que rapidamente alagam em nossa cidade, os pontos de alagamento tradicionais, observando as orientações emitidas pelos Corpo de Bombeiros e Defesa Civil”, concluiu.

Danos causados pelas chuvas na Capital

As precipitações que caíram em Teresina, na tarde de última sexta-feira (04), causaram estragos em várias zonas da capital. Entre as ocorrências mais registradas estão a queda de árvores. No centro, uma árvore caiu sobre um veículo na alça de acesso à Ponte João Luiz Ferreira, mais conhecida como Ponte Metálica, que liga Teresina a Timon.

No campus Poeta Torquato Neto, da Universidade Estadual do Piauí, localizado na zona norte, duas árvores caíram e provocaram interdição no fluxo de veículos. Além disso, houve a queda do fornecimento de energia elétrica.

• Foto: Jonas Carvalho/GP1Árvore causou estragos na UESPI

Na zona sudeste, na Avenida José Francisco de Almeida Neto, mais conhecida como Avenida Principal do Dirceu, uma árvore caiu sobre um táxi, mas não deixou nenhum ocupante do veículo ferido. Já na zona leste, os semáforos da Avenida João XXIII pararam de funcionar.

Novo temporal

Já no dia 11 de outubro, a forte chuva destruiu o muro do Comercial Carvalho, da Avenida Barão de Gurgueia, e derrubou um poste na Avenida Gil Martins, no bairro Tabuleta. O fornecimento de energia elétrica na região foi afetado. Na região do bairro Saci, também na zona sul, uma árvore caiu na Avenida Maranhão, impossibilitando o trânsito de veículos pela via.

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