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Pai de Francisco Júnior autoriza doação dos órgãos

O pai afirmou que foi motivado pelo sentimento de solidariedade a demais pacientes que precisam da doação de algum órgão para continuarem vivos.

No final da manhã desta terça-feira (30), a família do produtor cultural Francisco das Chagas Júnior, irmão de Bruno Queiroz, autorizou a doação dos órgãos do jovem, que teve morte encefálica confirmada pelo Hospital de Urgência de Teresina (HUT), no final da tarde desta quarta-feira (29).

O pai afirmou que foi motivado pelo sentimento de solidariedade a demais pacientes que precisam da doação de algum órgão para continuarem vivos. “Uma maneira de dar vida a outras pessoas que estão sofrendo, então resolvemos fazer isso. Era um desejo dele, então resolvemos doar porque sei que outras pessoas terão também o direito de continuarem vivos e eu vou pelo menos de outra forma me conformar porque sei que foi feita alguma coisa por alguém”, disse o senhor Francisco das Chagas Araújo.

“Eu acho que assim nós estamos dando vida a outras pessoas que precisam por ‘ai’. Quantas pessoas tem por ‘ai’ na fila de transplante e eu achei por bem fazer isso pelo meu filho porque eu tenho certeza que se ele tivesse vivo, ele faria a mesma coisa? Ele não autorizou, mas eu fiquei sabendo pela minha sobrinha que tinha esse desejo. Além desse desejo, eu vi também o lado de dar outras vidas a pessoas que estão sofrendo por ‘ai’ e muitas vezes até desesperançados”, justifica.
Questionado sobre como ver as leis que regem a legislação brasileira de trânsito, o pai dos dois jovens, que foram violentamente mortos em uma colisão entre veículos na Avenida Miguel Rosa em Teresina, na noite do último domingo (26), chorou enquanto relatava que não se conforma com a soltura do acusado de causar o acidente. Um vídeo divulgado ontem (29) mostra como foi o acidente.

“Eu acho que a legislação brasileira tem que mudar porque isso é um absurdo. Um assassino desse fazer o que fez com meus filhos. Ele matou os meus dois filhos. Os únicos que eu tinha e depois volta porque o pai tem dinheiro. Paga fiança e sai. Eu acho que esses legisladores têm que mudar muita coisa nesse país, inclusive essa lei de trânsito. Eu acho que eles não veem isso. Eu não sei o que eles estão fazendo naquele Congresso. É muita disputa e as coisas necessárias, a gente não ver mudança. Você ver que essas coisas não acontecem e um caso desse aqui, o cara ‘ia’ para a cadeia mesmo. Não tinha negócio de pagar fiança e sair não. Eu acho isso um absurdo. Um absurdo! Matou meus dois filhos. Ele é um assassino. Um assassino porque o elemento que se embriaga e anda dirigindo a mais de 160 KM/H dentro da cidade é um assassino, com a intenção de matar”, afirmou.

“’Se o cara beber, não dirige’, mas cadê? Na hora de cumprir, não cumpre nada. Se o cara tem dinheiro, quando chega lá, solta, então eu faço esse apelo à Justiça que pelo menos faça cumprir essas leis que tem ‘ai’ e colocam esse elemento na cadeia para que não aconteça com outros pais de família o que aconteceu comigo. Acabou minha vida. Minha vida acabou. Não tem mais sentido. Meus dois filhos eram minha vida. Dois meninos responsáveis, alegres, esforçados com seus trabalhos, estudavam, faziam as coisas com responsabilidade e chega um assassino desse, passa por cima e fica assim mesmo só porque o pai tem dinheiro”, complementou emocionado.

Sobre um possível encontro com o causador do acidente, o estudante Moaci Moura da Silva, Francisco das Chagas Araújo, disse que não sabe se isso pode acontecer. “Eu não sei. É muito difícil. É muito difícil. Eu gostaria que isso nem acontecesse porque eu poderia em uma situação posterior até dar uns conselhos para ele, mas eu não sei se eu teria coragem, condições de me deparar frente a frente com um elemento desse porque eu considero ele como um assassino. A verdade é essa. Estou encontrando forças em Deus”, pontua.

Em relação ao primeiro filho que morreu ainda no dia do acidente, Bruno Queiroz, o pai elogiou o jovem. “Não é porque era meu fã não, a responsabilidade chegou e parou ali. Era um menino cuidadoso no trânsito, não entrava no sinal vermelho, ele não andava na contramão. Ele não andava em alta velocidade no trânsito, foi um pedaço de mim ou minha vida toda que foi com os dois. O Bruno não me deixava. Onde eu tinha que ir, era ele me levando. Minhas coisas lá em casa, eram ele que pagava, toda as minhas coisas que eu tinha, era ele que resolvia”, relata.

“Eu peço justiça. Eu peço justiça. Eu peço justiça. Eu peço justiça. Que essa justiça, junto com vocês [jornalistas], que vocês possam também me ajudar nessa causa, que vocês possam também cobrar, acompanhar essa situação para que isso não venha acontecer com os outros pais de família. Uma situação dessa só sabe quem ‘tá’ passando”, disse.

Velório e enterro
Ainda não há informações sobre o horário de velório e enterro de Francisco das Chagas Júnior, mas o movimento cultural Salve Rainha, o qual o jovem foi o idealizador, informou que em breve informará esses detalhes.

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