Nesta terça, 30 de junho, e quarta, 1º de julho, a região Sul do Brasil foi atingida por fortes ventos e chuvas torrenciais que causaram estrago, desde queda de estruturas e árvores até enchentes e deslizamentos. Algumas cidades, como Indaial e Bom Jardim da Serra, em Santa Catarina, e Clevelândia, no Paraná, registraram ventos de 120 km/h, segundo o Climatempo. Outras cidades também tiveram ventania acima dos 100 km/h. Pelo menos dez pessoas morreram em decorrência das tempestades.
Na região Sudeste, os vendavais também foram sentidos nos últimos dois dias, mas de forma mais leve. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, os ventos podem chegar a até 90 km/h nesta quarta. No litoral sul paulista, cerca de vinte embarcações foram levadas e destruídas pela tempestade.
De acordo com especialistas, esse tempo tempestuoso é resultado da passagem de um “ciclone bomba” pelo sul e sudeste brasileiros. Entenda melhor abaixo.
O que é um ciclone bomba e como se forma?
Um ciclone bomba é um tipo de ciclone extratropical, como diz o meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Marcelo Schneider. “Um ciclone bomba é um sistema meteorológico relacionado à formação de uma baixa pressão atmosférica. O processo de formação desse ciclone não difere dos outros ciclones extratropicais, que acontece a partir de um grande contraste de massas de ar, um contraste térmico com apoio do escoamento dos ventos em altas altitudes.”
Ele explica que um ciclone extratropical só é chamado de ciclone bomba quando aumenta de intensidade em pouco tempo. “É assim denominado quando a pressão cai muito rapidamente, em cerca de 24 hectopascais em 24 horas, ou um hectopascal a cada hora durante as 24h.”
Por que o ciclone bomba atingiu a região Sul?
De acordo com o meteorologista Franco Villela, também do Inmet, não é raro acontecer um ciclone extratropical com características de ciclone bomba. A diferença é que o atual foi muito mais abrangente.
Todo ano pelo menos, há uma ocorrência de ciclone bomba. Neste caso, a grande diferença dele foi a abrangência e onde ele se aprofundou (se intensificou). Geralmente, o ciclone se aprofunda mais no oceano, mas, desta vez, ele se intensificou bastante já no continente”, explica o especialista.
Ciclone bomba coloca região Sul em situação de perigo
Os ventos fortes e chuvas torrenciais causadas pela passagem do ciclone já causaram estrago em várias cidades dos três Estados do sul do País. De acordo com o site do Inmet, toda a área do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, assim como a região leste e o litoral do Paraná, deve ficar alerta para vendavais que podem danificar plantações e construções.
“Estes ventos e vendavais são capazes de interromper a energia elétrica, seja pela queda de postes, seja pela queda de árvores sobre a fiação, que podem gerar curtos-circuitos na rede e explosões”, alerta Villela. Segundo ele, as pessoas também devem tomar cuidado e evitar se colocar em risco. “As pessoas às vezes se expõem às intempéries para tentar salvar algum bem físico ou material e podem se submeter a um grande perigo, como por exemplo tentar amarrar barcos e lanchas.” Ele também afirma que o transporte, seja aéreo, terrestre ou marítimo, também se torna muito arriscado. “Os carros, quando, da ocorrência de ventos muito fortes, podem perder o controle. As ondas e o mar muito agitado e as turbulências próximas a montanhas ficam muito mais intensas e os riscos são muito grandes, principalmente com objetos ou destroços; soprados ou caindo, bem como árvores, postes e telhados de estruturas que podem cair sobre as pessoas.”
Para se proteger, o Instituto recomenda ficar em local abrigado e evitar se esconder embaixo de árvores, pois há risco de queda ou descargas elétricas. Também evite estacionar veículos próximos a torres de transmissão ou placas de propaganda. No caso de chuva forte, se possível, desligue todos os aparelhos elétricos e o quadro de energia e, se houver inundação, proteja seus pertences com sacos plásticos.
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