Todos os detalhes do esquema de ‘rachadinha’ instalado no gabinete do senador Flávio Bolsonaro à época em que era deputado na Assembleia Legislativa do Rio foram detalhados na denúncia de 290 páginas apresentada pelo Ministério Público do Rio contra o filho ’01’ do presidente Jair Bolsonaro e outras 16 pessoas. A Subprocuradoria-Geral de Justiça de Assuntos Criminais e Direitos Humanos narrou todas as etapas da investigação que levaram à imputação de 1.803 crimes de peculato e 263 atos de lavagem de dinheiro.
Na peça, o MP fluminense põe sob suspeita a evolução patrimonial de Flávio e de sua mulher sua mulher, Fernanda Bolsonaro, ligando movimentações financeiras do casal aos desvios operados por 12 ‘funcionários fantasmas’ do parlamentar, totalizando um prejuízo de R$ 6 milhões para a Alerj.
Flávio Bolsonaro é apontado como ‘líder da organização criminosa’, mas a denúncia detalha ainda a ação central do operador financeiro do grupo, o ex-assessor Fabrício Queiroz e também cita ‘atuação determinante’ do chefe de gabinete de Flávio no Senado, Miguel Ângelo Braga Grillo, no esquema de ‘rachadinha’.
As ligações entre Flávio, Queiroz e ‘Capitão Adriano’, que vieram à público em outras etapas da investigação também são citadas na denúncia. O miliciano morto em fevereiro deste ano é apontado como integrante do núcleo executivo da organização criminosa, apesar de não ter sido denunciado.
Na mesma linha, os investigadores lembram das apurações que levaram à deflagração da Operação Anjo, que prendeu Fabrício Queiroz no escritório do ex-advogado de Flávio Bolsonaro Frederick Wassef em Atibaia.
A denúncia de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa está agora nas mãos do desembargador do Tribunal de Justiça fluminense Milton Fernandes de Souza, que se tornou relator do caso Queiroz no órgão especial da corte após uma série de recursos apresentados pela defesa do senador para obter foro privilegiado. Caberá ao magistrado decidir se coloca o filho do presidente e os outros 16 denunciados no banco dos réus.
O Ministério Público do Rio, no entanto, segue outras frentes de investigação relacionadas à Flávio Bolsonaro, – mirando por exemplo a loja de chocolates do senador, sob suspeita de lavagem de dinheiro – podendo chegar a outros crimes e envolvidos.
Com a palavra, os advogados Rodrigo Roca, Luciana Pires e Juliana Biereenbach, que defendem Flávio Bolsonaro
Após a denúncia, os advogados Rodrigo Roca, Luciana Pires e Juliana Bierrenbach, que defendem o senador Flávio Bolsonaro, divulgaram uma nota classificando as imputações do Ministério Público do Rio como ‘crônica macabra e mal engendrada’ e afirmando que ‘todos os defeitos de forma e de fundo’ da denúncia serão pontuados na formalização da defesa.
“Em função do segredo de Justiça, a defesa está impedida de comentar detalhes, mas garante que a denúncia contra Flávio Bolsonaro é insustentável. Dentre vícios processuais e erros de narrativa e matemáticos, a tese acusatória forjada contra o senador se mostra inviável e não passa de uma crônica macabra e mal engendrada, influenciada por grupos que têm claros interesses políticos e que, agora, tentam voltar ao poder. A denúncia, com tantos erros e vícios, não deve ser sequer recebida pelo Órgão Especial. Todos os defeitos de forma e de fundo da denúncia serão pontuados e rebatidos em documento próprios e no momento adequado”.
Com a palavra, o advogado Paulo Emílio Catta Preta, que defende Fabrício Queiroz
Após a denúncia, o advogado Paulo Emílio Catta Preta, que defendeu Fabrício Queiroz, divulgou a seguinte nota:
“A defesa de Fabrício Queiroz tomou conhecimento da notícia do oferecimento de denúncia pelo MPRJ, sem, no entanto, ter tido acesso ao seu conteúdo. Inaugura-se a instância judicial, momento em que será possível exercer o contraditório defensivo, com a impugnação das provas acusatórias e produção de contraprovas que demonstrarão a improcedência das acusações e, logo, a sua inocência”.
Confira a denúncia na íntegra:
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