O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou nesta segunda-feira, 13, que a Polícia Federal já tem uma equipe definida para atuar nas investigações da execução da vereadora Marielle Franco (PSOL), que faz cinco meses na terça-feira, 14, sem qualquer solução. Delegados do Rio e de fora foram selecionados, disse. Mas os policiais só vão atuar caso sejam solicitados pelo governo do Estado ou o Ministério Público.
Jungmann declarou ainda que a elucidação do crime é uma "questão de honra" para o presidente Michel Temer (MDB).
Segundo o ministro, a PF está pronta para entrar nas investigações, diante da sua complexidade. "Logo no início foi cogitada a federalização das investigações pela Procuradoria Geral da República, mas o MP do Rio não quis. Passados 150 dias, a gente tem a obrigação de colocar a PF à disposição, para ajudar ou assumir (o caso). Isso não quer dizer que estou desqualificando a equipe que trabalha", disse, no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio, após anúncio de programa conjunto para a construção de presídios via PPPs.
- Foto: Facebook/Marielle FrancoVereadora Marielle Franco
"Não é que se queira isso (que a PF assuma). É uma responsabilidade enorme. Estamos dispostos a compartilhar essa responsabilidade, se quiserem", disse o ministro.
Ele lembrou que a atribuição é estadual e ressalvou que não recebe informações dos investigadores da Delegacia de Homicídios sobre a condução do caso (afirmou que não esperaria mesmo obter essas informações). "A PF não pode fazê-lo (assumir). É preciso que haja requisição". Como o Rio está sob intervenção federal na segurança, o pedido poderia vir do gabinete de intervenção, ele pontuou.
Jungmann voltou a dizer que a complexidade das investigações se deve ao fato de haver envolvimento de "políticos e agentes públicos" no homicídio. "Isso me parece algo óbvio", afirmou. Para ele, houve "investigação entre crime organizado e aparelho do Estado" neste caso".
Uma das linhas de investigação envolve três deputados estaduais do MDB atualmente presos pela Lava Jato no Rio: Jorge Picciani (ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio, em prisão domiciliar), Paulo Melo e Edson Albertassi. Por esta tese, o crime teria sido encomendado por conta de uma disputa política. Jungmann não comentou essa possibilidade.
A vereadora e seu motorista, Anderson Gomes, foram assassinados a tiros na região central do Rio há cinco meses. O crime teve motivação política, segundo indicam as investigações. A polícia do Rio não divulga os passos da apuração.
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