A pandemia do novo coronavírus fez o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) adiar a realização do Censo Demográfico de 2020 para o ano 2021. A coleta de dados do levantamento censitário em todos os lares brasileiros, que começaria no dia 1º de agosto deste ano, agora terá início em 1º de agosto de 2021, com duração de três meses.
O órgão cancelou o processo seletivo já aberto para a contratação de mais de 200 mil trabalhadores temporários, que teria provas nos próximos dias 17 e 24 de maio para as vagas de recenseadores e supervisores. O IBGE previa atrair mais de dois milhões de candidatos ao concurso público. Os candidatos que fizeram o pagamento da inscrição no concurso serão reembolsados, conforme orientações que serão publicadas nos próximos dias.
“A decisão leva em consideração a natureza de coleta da pesquisa, domiciliar e predominantemente presencial, com estimativa de visitas de mais de 180 mil recenseadores a cerca de 71 milhões de domicílios em todo o território nacional”, argumentou o IBGE, em nota oficial.
O órgão também considerou a impossibilidade de realização de toda a cadeia de treinamentos para a operação censitária em tempo hábil para ir a campo. A primeira etapa começaria de forma centralizada em abril de 2020, para posteriormente ser replicada em polos regionais até o mês de julho.
O orçamento para o Censo Demográfico de 2020 era de R$ 2,3 bilhões, sendo aproximadamente R$ 1,6 bilhão para o pagamento dos trabalhadores envolvidos na operação. O IBGE garantiu que estabeleceu formalmente com o Ministério da Saúde o compromisso de realocar o orçamento do Censo 2020 para a pasta, para que os recursos sejam aplicados em ações de enfrentamento ao novo coronavírus.
“Em contrapartida, no próximo ano, o Ministério da Saúde realocará orçamento no mesmo montante com vistas a assegurar a realização do Censo pelo IBGE”, informou o instituto.
Mais cedo, o IBGE divulgou que suspendeu também a coleta domiciliar da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua). A pesquisa divulga dados sobre o mercado de trabalho e a taxa de desemprego no País. A decisão também levou em consideração “o quadro de emergência da saúde pública causado pelo COVID-19 e as orientações do Ministério da Saúde”.
De acordo com a nota, o instituto ainda estuda alternativas para a realização da pesquisa sem envolver visitas aos domicílios brasileiros.
“Toda e qualquer opção ou possibilidade será antes testada e validada para assegurar os padrões de qualidade e excelência do corpo técnico do IBGE, buscando preservar a série histórica dos dados”, declarou o IBGE, em comunicado à imprensa.
Conforme apurou o Estadão/Broadcast, os dados da Pnad Contínua até o trimestre encerrado em fevereiro de 2020 já foram coletados e serão divulgados dentro da normalidade. Um eventual prejuízo à coleta de dados sobre o mercado de trabalho poderia prejudicar a série histórica da pesquisa a partir de março.
As demais pesquisas econômicas em curso no IBGE não envolvem entrevistas presenciais, apenas internet e telefone, e, portanto, continuam normalmente. No caso do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a coleta é parcialmente feita pela internet e parcialmente através de visitas dos agentes de pesquisa a estabelecimentos de varejo. Por ora, não há resoluções alterando a rotina de coleta do IPCA.
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