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Saúde

Governador João Doria prorroga quarentena em SP até 22 de abril

Medida foi anunciada em entrevista coletiva no início da tarde.

O governador João Doria (PSDB) prorrogou a quarentena em São Paulo para conter o avanço do novo coronavírus. A medida começou no Estado no dia 24 de março e teria validade até esta terça-feira, 7, mas foi prorrogada até o dia 22 deste mês. O anúncio foi feito em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes e participaram diversos médicos, entre eles David Uip, chefe do Centro de Contingência do Covid-19, que estava afastado por ter sido infectado pelo vírus.

O decreto do Estado de São Paulo determina o fechamento do comércio e de serviços não essenciais, o que inclui bares, restaurantes e cafés, que só podem funcionar com serviços de delivery. Já os serviços considerados essenciais, como farmácias e supermercados, podem abrir as portas.


A medida vale para todos os municípios do Estado e o decreto a ser publicado nesta terça-feira, 8, tem os mesmo itens do anunciado no dia 24. "Vocês terão a obrigação de seguir a deliberação do governo de São Paulo. Ela é constitucional", frisou Doria, afirmando que a medida tem de ser cumprida pelos prefeitos das cidades do Estado. "Nenhuma aglomeração, de nenhuma espécie, em nenhuma cidade ou área de São Paulo será permitida", afirmou.

Doria afirmou que fará uso de força policial para quem infringir a medida. Há orientação para que a Polícia Militar disperse aglomerações. Serão medidas de orientação, em um primeiro momento. Em um segundo momento, seriam medidas coercitivas, de acordo com o governo. Mas Doria afirmou que "espera que isso não seja necessário".

Questionado se poderia vir a tomar outras medidas restritivas de circulação da população, Doria afirmou que a orientação é aumentar o rigor, seja na capital paulista ou região metroplitana e outras cidades do Estado. "Se houver necessidade de mais medidas restritivas, não hesitaremos em fazê-lo seguindo a orientação dos especialistas", afirmou. Mas ressaltou que a maioria da população vem respeitando a quarentena e reforçou o pedido para que as pessoas fiquem em casa.

O prefeito de São Paulo (PSDB), Bruno Covas, que também participou do anúncio, afirmou que, a todo momento, as medidas são avaliadas também na capital. Ele afirmou que 80% da população vem se mantendo em casa. "Se pensarmos na população de São Paulo, em 20%, são 2,5 milhões de pessoas nas ruas, o que é muita gente. Mas temos de agradecer aos 80% e reconhecer que, apesar de termos visto o aumento na circulação, a grande maioria está mantendo o isolamento social. Até hoje, não temos nenhuma nova medida a ser anunciada. Mas isso pode ser reavaliado", disse. Ele afirmou que 46 estabelecimentos já foram interditados na capital por descumprimento das regras de quarentena.

São Paulo é o Estado com o maior número de mortes e de casos do novo coronavírus. De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde, o Estado tem 275 óbitos, 56% do total do País. O Estado tem 4.620 casos confirmados, 41% dos casos no País. Há 572 pacientes internados em UTI. De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde, 99 cidades do Estado têm casos positivos da doença.

O balanço mais recente do Ministério da Saúde, do final da tarde deste domingo, indicava que o País tem 486 mortes e 11.130 casos.

O avanço do coronavírus em São Paulo

Um documento do Ministério da Saúde que veio a público no final de semana mostrava que São Paulo, Rio, Ceará, Amazonas e DF caminham para 'cenário imprevisível' de casos de coronavírus. O secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo dos Reis, afirmou no final de semana que esses Estados vivem uma transição de fase em relação às contaminações, saindo de uma situação de "epidemia localizada" para uma fase de "aceleração descontrolada".

Durante o anúncio do governo do Estado, o diretor-geral do Instituto Butantan, Dimas Tadeu Covas, afirmou que estudos apontam que houve 56% de redução na mobilidade social do Estado. O ideal, segundo ele, é um percentual acima de 70%. E, segundo ele, o isolamento social ainda é a medida mais eficaz neste momento para diminuir o número de infecções.

O governo de São Paulo apresentou projeções sobre o avanço da doença até o dia 13 de abril com e sem um cenário de quarentena. De acordo com o diretor-geral do Instituto Butantan, sem as medidas, o Estado teria até esta data 150 mil casos da doença. Com a quarentena, o número estimado para esta data é de 25 mil casos.

Sobre o número de mortes, segundo ele, seriam 5 mil sem a quarentena. Com a ampliação da restrição anunciada pelo governo nesta segunda, 6, a projeção é de menos de 1.300 mortes até 13 de abril. "Os números reforçam a importância das medidas tomadas e elas precisam ser respeitadas. Precisamos da adesão das pessoas", disse.

Dimas Covas também apresentou projeções de 180 dias, a contar do começo do avanço da doença no Estado. Segundo ele, se o Estado não tivesse tomado nenhuma medida, seriam 277 mil mortos no Estado ao fim deste período. Com a quarentena, segundo ele, estima-se que 166 mil mortes serão evitadas.

A projeção também foi feita para internações em hospitais. Sem quarentena, seriam 1,3 milhão em 180 dias. O estudo mostra que esse número cai para 670 mil com o isolamento social.

Para internação em UTIs, o estudo aponta que as restrições podem fazer os casos caírem de 315 mil para 147 mil.

A fim de ampliar o atendimento a pacientes, o governo do Estado deve montar um hospital de campanha no complexo esportivo do Ibirapuera. Na capital, dois hospitais de campanha foram montados pela Prefeitura: um no estádio do Pacaembu, que começa a funcionar nesta segunda-feira, com 200 leitos, e outro no Anhembi, com 1.800 leitos.

Críticas ao governo federal

Durante o anúncio da ampliação da quarentena, Doria voltou a criticar Bolsonaro. "Não pauto minhas ações por populismo. Pauto pela verdade e pela ciência. Todas as iniciativas de São Paulo são amparadas na ciência e em opinião médica", disse. "Temos que nos afastar dos que pregam o ódio, que não assumem o interesse maior que é o de salvar vidas. No Brasil, defendem o isolamento social o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandeta, o ministro da Justiça, Sergio Moro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, o vice-presidente, Hamilton Mourão. Será que a Organização Mundial da Saúde (OMS) está errada? Será que ministros e secretários de Saúde de 56 países do mundo estão errados? Será que um único presidente da República no mundo é o certo?", disse.

E continuou: "Aqueles que incentivam a vida normal, que pressionam o prefeito da capital e que me pressionam pelo whatsapp, por cartas, e que violam os princípios da medicina, a eles eu pergunto: vocês estão preparados para os caixões com as vítimas do coronavírus? Vocês que defendem a abertura, aglomerações, que minimizam a crise gravíssima em que estamos, vão enterrar as vítimas? Depois de salvar vidas, vamos salvar a Economia", disse Doria.

Antes do anúncio, Doria voltou a pedir que empresários não demitam funcionários neste período de quarentena. "Um apelo, façam todo o possível para não demitir. Compreendo as restrições deste momento. Mais do que nunca, seus funcionários e colaboradores esperam de vocês que exerçam sua responsabilidade social e seu lado humanitário. O sofrimento é de todos, mas principalmente dos que dependem do salário para sobreviver", disse Doria.

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