Alan García, ex-presidente do Peru, tentou se matar na manhã desta quarta-feira, 17, com um tiro na cabeça quando policiais chegaram em sua residência, na capital do país, para prendê-lo por conexões com uma investigação sobre suborno no caso relacionado à construtora brasileira Odebrecht, informou seu advogado.
"Esta manhã aconteceu este acidente lamentável: o presidente tomou a decisão de atirar", disse Erasmo Reyna na entrada do Hospital de Emergências Casimiro Ulloa, em Lima. O hospital indicou que García, de 69 anos, tem "um ferimento de bala na cabeça" e está sendo operado.
- Foto: APAlan García
A informação de que o ex-presidente - que comandou o Peru de 1985 a 1990 e de 2006 a 2011 - havia tentado tirar a própria vida foi divulgada mais cedo por fontes policiais que pediram para não ser identificadas.
Imagens de emissoras locais de TV mostraram o filho do ex-presidente e apoiadores chegando ao hospital. A polícia fez um cordão de isolamento para garantir a segurança no local.
Caso Odebrecht
Em dezembro, o Uruguai rejeitou o pedido de asilo de García, que buscou proteção no consulado uruguaio em Lima depois de um juiz reter seu passaporte na investigação sobre propinas pagas pela Odebrecht.
Ao negar a solicitação, o presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, disse que não havia provas que respaldassem a alegação de García de que era perseguido politicamente pelo atual presidente peruano Martín Vizcarra.
A Odebrecht está no centro do maior escândalo de corrupção na América Latina depois de ter admitido, em acordo assinado em 2016 com o Departamento de Justiça dos EUA, ter pago mais de US$ 800 milhões em propinas em diversos países da região para ser beneficiada em grandes obras de infraestrutura.
No Peru, a empresa disse ter pago US$ 29 milhões entre 2005 e 2014. O caso atingiu também os ex-presidentes peruanos Alejandro Toledo (2001-2006), e Ollanta Humala (2011-2016) e Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018, todos sob investigação da promotoria.
Na semana passada, a Justiça peruana ordenou a detenção por dez dias de Kuczynski no âmbito de uma investigação por suposto crime de lavagem de dinheiro no caso Odebrecht.
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