Fechar
GP1

Saúde

Covid-19: governadores contrariam Bolsonaro e reiteram isolamento

Rodrigo Maia se reuniu com 26 dos 27 chefes do Executivo, que pediram aprovação de plano de equilíbrio fiscal para Estados.

Em reunião virtual sem a participação do presidente, Jair Bolsonaro (sem partido), e com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), governadores reiteram nesta quarta-feira, dia 24, os procedimentos de isolamento adotados para conter a pandemia do novo coronavírus. A manutenção das medidas recomendadas por epidemiologistas foi uma das tônicas da videoconferência, e o governador do Mato Grosso, Mauro Mendes (DEM), foi o único que relativizou as medidas restritivas.

Outro ponto unânime foi o pedido para que Maia agilize a aprovação do Plano Mansueto – plano de equilíbrio fiscal enviado ao Congresso em junho de 2019 – para que ter condições fiscais de atender algumas cadeias produtivas. Além disso, os governadores de Roraima e Tocantins pediram apoio da Funai em relação às comunidades indígenas de seus Estados.


A reunião foi mediada pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB) – pré-candidato à Presidência em 2022 –, apesar do coordenador do Fórum de Governadores ser Ibaneis Rocha, do Distrito Federal – único dos 27 chefes do Executivo estadual que não participou. Mais cedo, o mandatário paulista e o presidente da República protagonizaram um embate. Na condução do encontro virtual, Doria determinou que os governadores falariam em órdem alfabética e que cada um teria um tempo de cerca de três minutos.

O mais crítico dos presentes em relação à postura de Bolsonaro, Doria citou o último pronunciamento do mandatário. "O presidente Jair Bolsonaro teve reunião com governadores do Centro-Oeste, Norte, Sudeste e Sul e ele não teve a delicadeza de dizer que falaria a vocês em cadeia nacional de rádio e TV", argumentou. Sobre o embate, Doria afirmou que foi respeitoso com o presidente e que o considerou desrespeitoso.

"Hoje pela manhã fui respeitoso com o presidente. Não levantei meu tom de voz, não ofendi. Apenas registrei como governador e brasileiro a minha posição contrária aos temos usados em rede nacional para falar aquilo que os brasileiros não querem ouvir. Os brasileiros querem um presidente que lidere seu Pais", defendeu. "Considerei desrespeitoso. Ele propôs uma reunião de conciliação, de entendimento e harmonia com o governadores do Brasil e teve um gesto absolutamente equivocado, maldoso em relação aos brasileiros como ele formulou em rede nacional de televisão", acrescentou.

Medidas restritivas

"Vamos manter as medidas adotadas pelo estado de Sergipe seguindo as orientações do Ministério da Saúde e dos médicos da área. Não vamos recuar nenhum milímetro no trabalho que estamos fazendo", afirmou o governador de Sergipe. Benivaldo Chagas (PSD).

"Pernambuco ontem teve seu primeiro óbito por coronavírus. Isso só nos faz reforçar todo o entendimento que tem sido colocado em prática desde o início dessa pandemia no Brasil. As restrições que estão sendo feitas estão no caminho correto. Os Estados têm que se preparar", defendeu Paulo Câmara (PSB).

Wilson Witzel (PSC), governador do Rio de Janeiro, criticou o pronunciamento do presidente e relatou ter reiterado a determinação de isolamento aos prefeitos de seu Estado. " Nós nos pautamos pela avaliação dos técnicos, peritos e decidimos com base nessas informações. Qualquer decisão pautada no achismo está sujeita à responsabilização direta daquele que o faz", afirmou.

"Pronunciamento em rádio e televisão em cadeia nacional não é área jurídica, é manifestação política e não tem qualquer reflexo na determinação do que se deve e não deve fazer. Razão pela qual eu eu já reforcei aqui aos prefeitos que as determinações continuam. E todos os governadores precisam estar atentos a esse grave problema", acrescentou.

Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, pediu que governadores tenham cuidado caso Bolsonaro resolva os responsabilizar pela queda de índices econômicos. "É importante lembrar que o presidente simplesmente vive no conflito – a sua história e sua trajetória política foram sempre de confrontos e conflitos – e o que nós estamos observando agora é que os nossos esforços, se der tudo certo, vão garantir a saúde e a vida de muitos brasileiros, (serão apontados como motivo pelo qual) teremos um problema econômico. Me parece sugerir que, no final das contas, ele vai dizer que (o crescimento em seu governo) não foi tudo aquilo que se projetava porque tivemos problemas econômicos por conta das ações dos governadores", ponderou.

Já o governador de Roraima, Antonio Oliverio Garcia de Almeida, conhecido como Antonio Denarium, pediu serenidade na negociação com o governo federal. "O presidente Bolsonaro foi receptivo às nossas solicitações. Agora precisamos regulamentar isso e abrir um diálogo com o presidente da República", afirmou.

Reinaldo Azambuja (PSDB), governador do Mato Grosso do Sul, defendeu a necessidade dos governadores enviarem ofício aos organismos internacionais (como o Banco Muncial) para pedir para jogar as parcelas de 2020 de dívidas e jogar no final do contrato. "Muitos Estados são devedores desses organismos internacionais", explicou.

Exceção

Exceção entre governadores, Mauro Mendes adotou tom crítico às medidas restritivas por receio do impacto econômico. "Eu não posso tomar no Mato Grosso a mesma medida que São Paulo tomou porque aqui tem treze vezes menos confirmação do que São Paulo em uma área três vezes maior. Eu morro de medo dos reflexos econômicos dessas restrições", disse.

Mais conteúdo sobre:

Ver todos os comentários   | 0 |

Facebook
 
© 2007-2024 GP1 - Todos os direitos reservados.
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do GP1.