Alain Delon, ator francês que estrelou uma série de clássicos nas décadas de 1960 e 1970, morreu aos 88 anos. Delon, cuja beleza enigmática o tornou um símbolo sexual global, morreu pacificamente em sua casa em Douchy, cercado por seus três filhos e familiares, conforme comunicado divulgado pela família à AFP.
“Alain Fabien, Anouchka, Anthony, assim como (seu cachorro) Loubo, têm a imensa tristeza de anunciar a partida de seu pai. Ele faleceu pacificamente em sua casa em Douchy, cercado por seus três filhos e sua família (...) A família pede gentilmente que sua privacidade seja respeitada neste momento extremamente doloroso de luto", diz a nota.
Nascido em Sceaux, subúrbio ao sul de Paris, Delon teve uma infância tumultuada, marcada pelo divórcio dos pais e expulsões escolares, antes de servir na Marinha Francesa na Indochina e trabalhar em diversos empregos em Paris.
Sua estreia no cinema ocorreu em 1957, no thriller “Quand la femme s’en mêle”, dando início a uma série de papéis de anti-herói que consolidaram sua importância no cinema europeu. Trabalhou com diretores renomados como René Clément, Luchino Visconti e Jean-Pierre Melville, e apesar de sua participação em produções em inglês, seu maior sucesso permaneceu na Europa.
Em 1968, Delon foi envolvido no escândalo Markovic, relacionado a sexo, drogas e assassinato, mas não foi acusado. Ao longo de sua carreira, Delon recebeu diversas honrarias, incluindo um prêmio César de melhor ator em 1985 por “Nossa História” e uma indicação ao Globo de Ouro por seu papel em “O Leopardo”. Nos anos 2000, retornou à televisão interpretando detetives veteranos.Embora tenha atuado em produções em inglês, como “The Yellow Rolls-Royce” (1964) e os faroestes “Texas Across the River” (1966) e “Red Sun” (1971), seu maior sucesso permaneceu no cinema europeu.
Em 2005, foi nomeado Oficial da Legião de Honra Francesa por sua contribuição ao cinema. Delon foi casado com a atriz Nathalie Delon, com quem teve um filho, Anthony. Ele também teve outros três filhos: Christian Boulogne, Anouchka Delon e Alain-Fabien Delon.
'Nunca gostei de envelhecer'
A primeira declaração de Anthony Delon sobre o assunto ocorreu em 2022, um dia após a imprensa ter divulgado um trecho de sua autobiografia. No livro, Anthony revelou que seu pai, a lenda do cinema, havia lhe pedido para organizar todo o processo de sua partida e estar ao seu lado em seus últimos momentos.
Delon, que completou 87 anos em novembro de 2022, aproveitou a postagem para compartilhar, à época, suas impressões sobre a idade. "Nunca gostei de envelhecer, todas essas dores e desafios que deve enfrentar no cotidiano me deixam imóvel diante de tudo", afirmou.
Presidente da França lamenta morte
O presidente francês, Emmanuel Macron, lamentou a morte do ator, afirmando em postagem no X que Delon “encarnou papeis lendários e fez o mundo sonhar”. “Melancólico, popular, secreto, foi mais que uma estrela: um monumento francês.”
Monsieur Klein ou Rocco, le Guépard ou le Samouraï, Alain Delon a incarné des rôles légendaires, et fait rêver le monde. Prêtant son visage inoubliable pour bouleverser nos vies.
— Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) August 18, 2024
Mélancolique, populaire, secret, il était plus qu’une star : un monument français. pic.twitter.com/1JTqPfVo5n
Palma de Ouro honorária no Festival de Cannes de 2019
“Esta noite, mais do que o fim de uma carreira, acho que é o fim de uma vida. É uma espécie de homenagem póstuma… em vida. Quando comecei, me falaram que o mais difícil era durar. Eu durei 62 anos (de carreira). Mas agora eu sei que o que é difícil é partir. E vou partir, mas não sem antes agradecer. (...) Se hoje eu sou uma estrela, devo ao público e a mais ninguém.” Estas foram as palavras de Alain Delon ao receber uma Palma de Ouro honorária no Festival de Cannes de 2019, poucas semanas antes de sofrer um AVC que o deixaria debilitado.
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