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Seca em regiões da Argentina causa a morte de milhares de vacas

No país, cerca de 26 milhões de cabeças de gado estão em risco. Chuvas deveriam ter começado em setembro.

Os efeitos do fenômeno climático La Niña, que é o resfriamento anormal das águas do oceano Pacífico, está causando uma seca na Argentina, que está provocando a morte de milhares de vacas, prejuízos em plantações de soja e milho e incêndios que ameaçam os campos da zona agrícola mais rica do país. Essa seca já dura há três anos e causou milhões de perdas financeiras em dólares.

Desde 10 de janeiro de 2023, cerca de 50% do território argentino sofre diferentes graus de seca e cerca de 26 milhões de cabeças de gado, dos mais de 54 milhões que compõem o tesouro nacional, estão em risco devido à falta de pasto e água em diversas regiões, conforme consta no informe do Mercado Pecuário da Bolsa de Rosário.


As chuvas eram esperadas para meados de setembro de 2022 e agora, quatro meses depois, não chegaram. Por exemplo, na fazenda Giailevra, especializada na criação de bezerros que são vendidos para o resto do país, toda a água armazenada em poços e barragens estava acabando, e trazer um caminhão-pipa não parece a solução, dado o custo de cerca de US$ 1.500 e o fato de esgotar em um dia.

Eles tentaram levar seu rebanho para pastar e beber em outros campos, mas segundo eles, a cerca de 350 quilômetros de distância "você não consegue um lugar" porque eles parecem tão danificados quanto.

No norte da província de Santa Fe, a falta de chuva provocou até agora a morte de pelo menos 3.000 vacas, indicaram as autoridades provinciais. Santa Fé e as províncias fronteiriças de Entre Ríos e Córdoba concentram cerca de 10 milhões de animais em áreas afetadas pela falta de chuvas e um número semelhante é encontrado em Buenos Aires, atestou o relatório Mercado Pecuário.

A Bolsa de Grãos de Buenos Aires projetou uma diminuição do valor das exportações entre US$ 9.226 milhões e US$ 14.115 milhões e, consequentemente, uma quebra na arrecadação de impostos do Estado até US$ 4.739 milhões.

O risco de seca atingiu 175 milhões de hectares em dezembro, com um aumento de 10 milhões de hectares face ao mês anterior, segundo um relatório da Direção Nacional de Risco e Emergência Agrícola, que indicou que o triénio 2020-2022 é o mais seco registrado no país.

Outra consequência da falta de chuva, altas temperaturas e falta de umidade são os incêndios recorrentes. Focos de diferentes intensidades afetam áreas florestais em pelo menos nove províncias argentinas, segundo um relatório divulgado pelo Serviço Nacional de Manejo de Incêndios.

Na área da cidade de Barrancas, na província de Santa Fe, os bombeiros combateram na terça-feira um foco que se espalhou-se afetando os campos cultivados. O produtor agrícola José Maulión, que tem 3.000 hectares de terras disse que, aos 42 anos, não se lembra de uma seca como esta que tenha causado atrasos nas colheitas e prejuízos imensos nas lavouras.

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