Documentos confidenciais relacionados a armas nucleares estavam entre os itens que agentes do FBI (polícia federal americana) buscaram em uma batida na residência do ex-presidente Donald Trump na Flórida na segunda-feira, segundo pessoas familiarizadas com a investigação. As fontes foram citadas em uma reportagem divulgada pelo site do jornal americano The Washington Post na noite desta quinta-feira, 11.
Especialistas em informações confidenciais disseram que a busca incomum ressalta a profunda preocupação entre os funcionários do governo sobre os tipos de informações que eles achavam que poderiam estar localizadas no Mar-a-Lago Club, a residência de Trump onde a busca aconteceu, e potencialmente em risco de cair em mãos erradas.
As pessoas que descreveram parte do material que os agentes procuravam falaram sob condição de anonimato para discutir uma investigação em andamento. Eles não deram detalhes adicionais sobre que tipo de informação os agentes estavam buscando, incluindo se envolviam armas pertencentes aos Estados Unidos ou a alguma outra nação.
Tampouco informaram se tais documentos foram recuperados como parte da busca. Um porta-voz de Trump não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. O Departamento de Justiça e o FBI se recusaram a comentar.
O secretário de Justiça americano, Merrick Garland, disse nesta quinta-feira que não poderia discutir a investigação. Mas em uma declaração pública incomum no Departamento de Justiça, ele anunciou que autorizou pessoalmente a decisão de buscar permissão judicial para um mandado de busca.
Garland falou momentos depois que os procuradores do Departamento de Justiça entraram com uma moção buscando abrir o mandado de busca no caso, observando que Trump havia revelado publicamente a batida logo após o ocorrido.
“O claro e poderoso interesse do público em entender o que ocorreu nessas circunstâncias pesa muito a favor da abertura”, diz a moção. “Dito isso, o ex-presidente deve ter a oportunidade de responder a esta moção e apresentar objeções, incluindo no que diz respeito a quaisquer ‘interesses de privacidade legítimos’ ou o potencial de outros ‘ferimentos’ se esses materiais forem tornados públicos”.
O material sobre armas nucleares é especialmente sensível e geralmente restrito a um pequeno número de funcionários do governo, disseram especialistas. A divulgação de detalhes sobre as armas dos EUA poderia fornecer um roteiro de inteligência para adversários que buscam construir maneiras de combater esses sistemas. Outros países podem ver a exposição de seus segredos nucleares como uma ameaça, disseram especialistas.
Um ex-funcionário do Departamento de Justiça, que no passado supervisionou investigações de vazamentos de informações confidenciais, disse que o tipo de informação ultra-secreta descrita pelas fontes ouvidas pelo Washington Post, familiarizadas com a investigação, provavelmente faria com que as autoridades tentassem agir o mais rápido possível para recuperar documentos confidenciais que poderiam causar sérios danos à segurança dos EUA.
“Se isso for verdade, sugere que o material que estava ilegalmente em Mar-a-Lago pode ter sido colocado em sigilo no mais alto nível de classificação”, disse David Laufman, ex-chefe da seção de contra-inteligência do Departamento de Justiça, que investiga vazamentos de informações confidenciais.
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