As forças russas avançaram mais profundamente no sul da Ucrânia nesta sexta-feira, 4, com a intenção de tomar toda a costa do Mar Negro do país, já que o número de pessoas fugindo da Ucrânia chegou a um milhão apenas uma semana após a invasão russa e o bombardeio de cidades e vilas.
Reforçados por um enorme influxo de armas dos países da Otan, os ucranianos resistiram surpreendentemente, enquanto as forças de Moscou enfrentaram uma série de problemas logísticos, de acordo com avaliações militares e de inteligência ocidentais.
Mas os russos, com superioridade numérica e tecnológica, foram desacelerados, não parados, e o Kremlin insistiu em comunicado que a guerra estava “correndo conforme o planejado”. Na manhã da sexta-feira, os russos tomaram a usina de Zaporizhzhia. A Energoatom, empresa que administra a unidade, disse que o local agora opera sob "mira de armas".
Petro Kotin, chefe da geradora de Zaporizhzhia, disse no Telegram que as forças russas "entraram no território da usina nuclear, assumiram o controle do pessoal e da administração da usina nuclear", no começo do 9.º dia do conflito. Kotin disse que se as instalações nucleares forem atingidas por bombardeios, isso "levará a um desastre nuclear".
Forças russas saindo da Crimeia isolaram Mariupol, uma cidade portuária a leste, enquanto a oeste, onde tomaram a cidade de Kherson na quarta-feira, avançaram sobre o porto de Mykolaiv, deixando-os a apenas 60 milhas de Odessa, um ponto vital, centro de navegação e a maior cidade do sul.
O principal navio da Marinha ucraniana, Hetman Sagaidachny, foi afundado em Mykolayiv para impedir que os russos a alcançassem, de acordo com o Centro Militar Ucraniano. A fragata passava por reparos no porto da cidade.
Segundo os planos, após a liberação dos territórios dos militares russos, os compartimentos do navio devem ser secos e os trabalhos de reparo continuarão.
Avanço da Rússia ainda é lento
Por oito anos, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, vem construindo o que equivale a uma enorme área de preparação militar na Crimeia, a península do Mar Negro que ele invadiu e anexou da Ucrânia em 2014, e as forças estacionadas lá pareciam bem equipadas para atacar de seu bases e apoderar-se de partes do território do sul da Ucrânia no momento em que a ordem chegou.
O quase monopólio da Rússia no poder naval no Mar Negro e no Mar de Azov deveria ter fornecido poder de fogo adicional para auxiliar as tropas terrestres. Em vez disso, seu avanço foi lento, prejudicado por falhas operacionais e uma aparente incapacidade dos comandantes de coordenar forças militares díspares, que, se combinadas de forma eficaz, deveriam facilmente sobrecarregar as defesas da Ucrânia.
No norte, um enorme comboio militar russo parou por três dias perto da capital, Kiev - por razões não totalmente claras - e, embora as forças russas tenham bombardeado extensivamente grandes cidades como Kharkiv, Chernihiv e Kiev, causando baixas civis, nenhuma caiu para controle de Moscou.
De acordo com invasão o escritório de Direitos Humanos da ONU, a invasão da Rússia na Ucrânia deixou, até o momento, 331 civis mortos e 675 feridos.
“Achei que ao longo da costa do Mar Negro era onde eles teriam seu melhor sucesso imediatamente por causa da enorme vantagem de ter essa cabeça de ponte na Crimeia”, disse o tenente-general Ben Hodges, ex-comandante do Exército dos EUA na Europa. “O de eles ainda não terem capturado Mariupol, deve ser frustrante para os russos.”
Tropas russas tomaram um corredor costeiro ao longo do Mar de Azov, ligando suas forças na Crimeia às do sudeste da Ucrânia. Nesse trecho, apenas Mariupol resistiu na quinta-feira, apesar de um grande bombardeio russo que cortou energia, água e aquecimento para a cidade. O prefeito, Vadym Boichenko, apontou um cenário sombrio do cerco de uma cidade bloqueada por terra e mar.
“Mariupol ainda está sendo bombardeada, as mulheres, crianças e idosos estão sofrendo”, disse ele em comunicado no Facebook. “Aqueles hipócritas vieram aqui ‘para salvar’ o povo de língua russa”, acrescentou, “mas na realidade estão conduzindo o genocídio de nosso povo”.
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