Com a guerra da Rússia na Ucrânia completando um mês na quinta-feira, 24, ucranianos sob forte ataque colecionam vitórias como o avanço na retomada do subúrbio de sua capital, Kiev, e a contenção das tropas russas na cidade de Mykolaiv, retardando a ofensiva no Mar Negro. Ao mesmo tempo, a Otan estimou nesta quarta-feira que as baixas russas são calculados entre 7 mil e 15 mil.
Segundo o prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, as forças ucranianas conseguiram afastar as tropas russas de parte de um subúrbio do noroeste, mas alertou que a batalha por seu país pode levar semanas, até meses. “Quase toda Irpin está em mãos ucranianas”, disse o prefeito, citando o subúrbio onde tropas ucranianas e russas estão envolvidas em combates de rua há semanas.
O prefeito deu as declarações para a mídia do lado de fora Catedral de São Miguel, junto com seu irmão Wladimir, que frequentemente acompanha o prefeito como conselheiro e guarda-costas. Os dois são ex-campeões mundiais de boxe peso-pesado e enviaram uma mensagem de agradecimento ao mundo por apoiar a Ucrânia e à mídia internacional por continuar testemunhando, apesar dos perigos. Até agora, três jornalistas morreram enquanto faziam a cobertura da guerra.
O prefeito pediu aos aliados ocidentais que forneçam mais armas defensivas para ajudar a proteger a cidade, mas também prometeu não comprometer ou desistir da capital. Seu irmão disse que os dois homens não tinham intenção de deixar a cidade até garantirem a vitória. O prefeito disse que eles já pegaram em armas para entrar na luta. “Não sabemos por quanto tempo podemos defender nossa cidade”, disse Klitschko. “Pode ser semanas ou meses, espero que não anos.”
História de sucesso
A cidade de Mykolaiv, na linha de frente do sul da Ucrânia, é considerada uma história de sucesso pela forma como seus militares se defenderam contra a invasão da Rússia. É nela que as forças ucranianas se mantêm firmes, atrasando qualquer ofensiva russa no porto estrategicamente crítico de Odessa, no Mar Negro. Enquanto os ucranianos lançam contra-ataques para repelir as tropas russas, os corpos continuam a se acumular pela cidade.
Os militares da Ucrânia não divulgaram nenhum número de vítimas. Mas em Mykolaiv, na semana passada, mísseis russos atingiram um quartel ucraniano, matando dezenas. Bandeiras azuis e amarelas ao redor da cidade foram abaixadas a meio mastro.
No necrotério, uma van após a outra chegou com uma placa de “200″ no para-brisa dianteiro – um antigo marcador soviético para um veículo que transportava um cadáver. “Seus métodos de guerra são incompreensíveis para uma pessoa normal – e uma pessoa não normal”, disse Andriy, um sargento ucraniano que está em uma das posições da linha de frente em Mykolaiv.
“Eles estão bombardeando cidades pacíficas. Eles estão bombardeando quartéis com novos recrutas dormindo lá dentro. Mas eles não virão invadir nossas posições militares reais.”
Enquanto isso, o governador de Mykolaiv, Vitali Kim, pediu aos moradores que notifiquem as autoridades locais quando encontrarem “os muitos” cadáveres russos espalhados pelos arredores da cidade. Ele disse que as pessoas também podem colocar os cadáveres em sacos, que eventualmente serão enviados de volta às mães russas porque “não somos animais”.
“O problema é que eles nem sempre levam seus corpos”, disse Kim em uma mensagem de vídeo no Telegram no sábado. “Os cães não comem isso tudo, nem os lobos.”
Em sua última estimativa, a Otan calculou que entre 7 mil e 15 mil soldados russos foram mortos em quatro semanas de guerra na Ucrânia, onde a luta feroz dos defensores do país negou a Moscou a vitória relâmpago que buscava. Em comparação, a Rússia perdeu cerca de 15 mil soldados ao longo de 10 anos no Afeganistão.
Analistas do Instituto para o Estudo da Guerra (Washington) previram que “se a guerra na Ucrânia se estabelecer em uma condição de impasse, as forças russas continuarão a bombardear cidades ucranianas, devastando-as e matando civis, mesmo quando as forças ucranianas impõem perdas aos atacantes russos e realizam contra-ataques próprios”.
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