Autoridades de países como EUA, Reino Unido, Alemanha, França e Japão expressaram indignação e pediram sanções após a Rússia atacar a Ucrânia, nesta quinta-feira, 24, com bombardeios contra alvos militares em Kiev, Kharkiv e outras cidades no centro e no leste. A Otan denunciou como “ataque irresponsável e não provocado” da operação militar do presidente Vladimir Putin; e a União Europeia prometeu “enfraquecer a base econômica do país e sua capacidade de modernização”.
A decisão de Putin gerou repercussão imediata no Conselho de Segurança de Organização das Nações Unidas (ONU) que estava reunido no momento da invasão. O enviado da Rússia à ONU, Vasily Nebenzya, defendeu seu país, dizendo que Moscou não está sendo agressiva contra o povo ucraniano, mas contra a “junta” que ocupa o poder em Kiev.
O enviado da França condenou a Rússia por “escolher a guerra” e disse que o país deve ser responsabilizado no Conselho de Segurança. O enviado britânico classificou as ações russas de “sem motivos” e “injustificadas”. Por outro lado, o enviado alemão instou a Rússia a interromper a ação imediatamente. “No exato mesmo momento em que estamos buscando paz, Putin enviou uma mensagem de guerra”, disse o enviado americano.
Secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg denunciou o "ataque irresponsável e não provocado" da Rússia contra a Ucrânia, e alertou que deixa "incontáveis vidas em risco". "Mais uma vez, apesar de nossas repetidas advertências e esforços incansáveis para um compromisso na diplomacia, a Rússia escolheu o caminho da agressão contra um país independente e soberano", acrescentou. O membro disse ainda que a organização "fará tudo o que for necessário para proteger e defender todos os aliados".
A Otan está entre uma das principais causas da crise devido ao interesse ucraniano em integrar o grupo. Criada em 1949 visando promover segurança coletiva contra a União Soviética, a aliança era composta inicialmente apenas por países ocidentais. A partir de 1999, no entanto, a Otan passou a se expandir para a Europa central e o leste europeu, um movimento que a Rússia vê como uma ameaça a sua hegemonia na região.
Na mesma linha, a presidente da Comissão da União Europeia (UE), Ursula von der Leyen, prometeu “enfraquecer a base econômica da Rússia e sua capacidade de modernização”. "Vamos congelar os ativos russos na União Europeia e impedir o acesso de bancos russos aos mercados financeiros europeus", disse em coletiva de imprensa. “Condenamos este ataque bárbaro e os argumentos cínicos que estão sendo usados para justificá-lo”.
A UE realizará uma cúpula de emergência em Bruxelas, onde a Otan também está se reunindo depois que a Polônia e os países bálticos que fazem fronteira com a Rússia e a Ucrânia pediram uma sessão urgente. “Não permitiremos que o presidente [Vladimir] Putin substitua o estado de direito, pelo governo da força e crueldade”, completou ela.
Até o momento, nenhuma nação prometeu avançar militarmente e defender a Ucrânia, pois isso poderia desencadear uma grande guerra europeia. O presidente russo, Vladimir Putin, alertou que qualquer interferência “levaria a consequências que você nunca viu na história”.
Então, em vez disso, a maior parte das nações condenou e ameaçou atingir as elites russas. O presidente dos EUA, Joe Biden, divulgou comunicado no qual afirma que "o mundo irá responsabilizar a Rússia". "As orações de todo o mundo estão com o povo da Ucrânia esta noite, que sofre um ataque não provocado e injustificado das forças militares russas", afirmou.
"O presidente Putin escolheu uma guerra premeditada que trará uma perda catastrófica de vidas e sofrimento humano. A Rússia sozinha é responsável pela morte e destruição que este ataque trará, e os Estados Unidos e seus aliados e parceiros responderão de forma unida e decisiva", indicou.
O premiê britânico, Boris Johnson, ligou para o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e disse que a Ucrânia estava nos pensamentos de todos no Reino Unido “durante este período sombrio” e prometeu uma “resposta decisiva” ao ataque. “O presidente Putin escolheu um caminho de derramamento de sangue e destruição ao lançar este ataque não provocado à Ucrânia”, escreveu Johnson em sua conta oficial no Twitter. “O Reino Unido e nossos aliados responderão de forma decisiva.”
Já o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, chamou a invasão da Ucrânia pela Rússia de "brutal" e "sem provocação", enquanto anunciava novas sanções a mais 25 indivíduos e quatro instituições financeiras. “Nós denunciamos o que são ações hostis unilaterais na Ucrânia. A Rússia está violando flagrantemente o direito internacional e a Carta da ONU. A Rússia escolheu a guerra”, pontuou Morrison. Na última quarta-feira, 23, a Austrália anunciou sanções a oito membros do Conselho de Segurança da Rússia.
O gestor apontou que a comunidade internacional está se unindo para condenar esses “atos ultrajantes” e disse que as novas sanções teriam como alvo comandantes do Exército, vice-ministros da Defesa e mercenários russos "responsáveis pela agressão não provocada e inaceitável", bem como empresas envolvidas no desenvolvimento e venda de tecnologia militar e armas.
Israel condenou as ações e pediu às potências mundiais que resolvam a crise rapidamente. "O ataque da Rússia à Ucrânia é uma grave violação da ordem internacional. Israel condena o ataque", disse o ministro das Relações Exteriores, Yair Lapid, em um comunicado televisionado nesta quinta-feira.
França, Alemanha e Itália
O presidente francês, Emmanuel Macron, que trabalhou até o último minuto por uma solução diplomática, disse que "a França condena firmemente a decisão da Rússia de fazer a guerra" e prometeu apoio à Ucrânia. “A Rússia deve encerrar suas operações militares imediatamente”, sintetizou. “A França se solidariza com a Ucrânia. Está com os ucranianos e está trabalhando com seus parceiros e aliados para acabar com a guerra”. A operação militar russa é "uma violação flagrante" do direito internacional, afirmou o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz.
La France est solidaire de l’Ukraine. Elle se tient aux côtés des Ukrainiens et agit avec ses partenaires et alliés pour que cesse la guerre.
— Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) February 24, 2022
O primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, qualificou a ação como "injusta e injustificável" e garantiu que a UE e a Otan trabalham para dar uma resposta imediata. "O governo italiano condena o ataque da Rússia contra a Ucrânia. É injusto e injustificável. A Itália está junto do povo e das instituições ucranianos neste momento dramático", avisou
Japão e China
Fumio Kishida, primeiro-ministro do Japão, condenou a invasão dizendo que "abala os fundamentos da ordem internacional". "Criticamos fortemente as ações da Rússia e cooperaremos com os Estados Unidos e a comunidade internacional para responder rapidamente". O líder acrescentou que Tóquio continuará trabalhando com ministérios relevantes para garantir a segurança dos cidadãos japoneses na Ucrânia.
Destacando uma crescente brecha nas relações das superpotências, a China ficou sozinha ao não condenar o ataque e, em vez disso, acusou os Estados Unidos e seus aliados de agravar a crise. Em uma clara defesa de Moscou, a China “pediu às partes que respeitem as preocupações legítimas de segurança dos outros”.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Hua Chunying, disse que “todas as partes devem trabalhar pela paz em vez de aumentar a tensão ou exaltar a possibilidade de guerra”, na linguagem que a China tem usado consistentemente para criticar o Ocidente na crise. A China alinhou cada vez mais sua política externa com a Rússia para desafiar o Ocidente. “Aqueles partidos que estavam ocupados condenando os outros; o que eles fizeram? Eles persuadiram os outros?” disse Hua.
Mais posicionamentos
A primeira-ministra da Lituânia, Ingrida Šimonytė, pediu "ação forte e unida" por meio de um recado no Twitter. A mesma rede foi utilizada pelo ministro das Relações Exteriores da Polônia, Zbigniew Rau. Ele condenou as ações da Rússia, instando Moscou a "parar todas as ações militares imediatamente e retornar à diplomacia. A vida de milhões de pessoas está em jogo”, acrescentou.
Os ministros das Relações Exteriores da Lituânia, Letônia e Estônia divulgaram uma declaração conjunta condenando "da maneira mais forte possível, a aberta (agressão) russa em larga escala contra a Ucrânia independente, pacífica e democrática". O documento aponta uma “violação flagrante da lei internacional” e um “crime contra o povo ucraniano que condenamos”. Pediram ainda à comunidade internacional impor “as mais fortes sanções possíveis à Rússia” e que forneça à Ucrânia ajuda militar, econômica, política e humanitária.
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