A escalada da tensão entre Ucrânia e Rússia é motivo de preocupação para os países europeus que observam com atenção o decorrer da situação do país.
A União Europeia lamentou a decisão das autoridades russas de proibir a entrada de um "número indeterminado" de representantes de Estados-Membros e instituições da UE no país. A decisão "anunciada na sexta-feira", 28, por Moscou "não tem qualquer justificação legal e transparência e encontrará uma resposta adequada", afirmou o porta-voz do Serviço Europeu para a Ação Externa (SEAE), Peter Stano, em comunicado.
Com isso, acrescentou Stano, "a Rússia continua a alimentar um clima de tensão na Europa, em vez de contribuir para a desescalada". A declaração do porta-voz dos Negócios Estrangeiros da Comissão Europeia surge após "restrições de viagem contra representantes das instituições da UE e Estados-Membros da UE", que não especificou.
Esta decisão de Moscou ocorre no momento em que europeus e aliados intensificam esforços diplomáticos para reduzir a tensão entre Rússia e Ucrânia e evitar uma possível invasão russa. "É hora da diplomacia", disse o alto representante da UE para Política Externa, Josep Borrell, insistindo em "buscar o diálogo ou algo que possa evitar um conflito militar".
Gás Russo
A situação preocupa também a Espanha, por razões econômicas, já que a crise aberta ameaça encarecer ainda mais os preços da energia e, portanto, torpedearia a previsão de que a inflação começará a relaxar a partir da primavera.
O alerta foi lançado por economistas e pesquisadores consultados pela EFE, que minimizam os efeitos diretos do conflito, mas alertam para seu impacto indireto devido, sobretudo, à dependência da Europa do gás russo. Cerca de 40% do gás consumido na Europa vem da Rússia, embora a porcentagem varie consideravelmente entre os países: em alguns casos chega a 80%, enquanto para a Espanha representa modestos 9,8. No entanto, a turbulência provocaria aumentos de preços no mercado de eletricidade, o que afetaria todo o continente, ao qual também se somaria o efeito "dominó": entre os países mais afetados estão alguns que mantêm fortes laços econômicos com a Espanha, como a Alemanha , e as exportações ou os fluxos turísticos podem sofrer.
Os especialistas apontam também para o efeito psicológico sobre a população deste tipo de tensão, que leva a restringir o consumo privado - considerado o grande motor da economia espanhola -, tudo isto num contexto marcado pela incerteza devido à covid-19 e com a recuperação ainda a meio caminho.
Força defesa
Já a França, se diz estar disposta a enviar centenas de soldados para a Romênia, além de ficar encarregada de montar uma força internacional para a defesa daquele país membro da OTAN que faz fronteira com Ucrânia, se a Aliança Atlântica decidir.
A mensagem é da ministra da Defesa francesa, Florence Parly, que em entrevista à rádio France Inter neste sábado, 29, sublinhou que este destacamento, caso ocorra, “não pretende contribuir para qualquer escalada militar”. A razão é que "o diálogo continua e estamos convencidos de que devemos resolver esse conflito por meio do diálogo e de soluções diplomáticas", disse ela.
Parly lembrou as iniciativas de Paris nessa linha, como a conversa telefônica que seu presidente, Emmanuel Macron, teve ontem com o Vladimir Putin. Mas, ao mesmo tempo, o ministro francês disse que "somos realistas, estamos lúcidos e estamos nos preparando", tendo em vista os movimentos de várias dezenas de milhares de soldados russos nas últimas semanas ao redor da fronteira com Ucrânia, com algumas manobras nos últimos dias na Bielorrússia. Por esse motivo, reiterou que "a França está pronta, se a OTAN decidir, enviar elementos militares para a Romênia", especificamente "várias centenas de homens".
"Segundo o ministro da Defesa, trata-se de mostrar que estamos dispostos a defender os países (da Aliança Atlântica) que estão mais próximos desta zona de tensão" cujo centro é Ucrânia. Ele observou que a Romênia não é apenas um país que faz fronteira com Ucrânia, mas tem uma fachada marítima no Mar Negro, como a mesma Ucrânia e Rússia.
O presidente russo assegurou ao francês que não queria confrontos, embora tenha repetido as exigências que fez à OTAN e que considera necessárias para a sua segurança. Dentre as demandas, ele pede que a Ucrânia nunca possa entrar na OTAN e que as forças e equipamentos militares ofensivos sejam retirados de países próximos de suas fronteiras, que pertenciam ao antigo bloco soviético como a Romênia, que Moscou também gostaria de ver fora da Aliança Atlântica.
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