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Acordo entre Israel e palestinos por vacina contra covid está ameaçado

Autoridades israelenses tentam retomar entrega de doses aos palestinos depois do cancelamento repentino.

Autoridades israelenses tentam retomar as negociações para entregar doses de vacinas à Autoridade Palestina (AP) depois que um acordo foi repentinamente cancelado na sexta-feira por lideranças palestinas porque as doses estavam “muito próximas de sua data de validade e não atendiam aos padrões”.

Cerca de 5 milhões de palestinos na Cisjordânia e Gaza ainda estão sem suprimentos de vacinas suficientes, já que as remessas de outras fontes continuam atrasadas, enquanto Israel está com 56,9% da população vacinada.


O anúncio e o cancelamento do acordo deram origem a teorias da conspiração e prejudicaram ainda mais a situação da AP entre seu povo. Na sexta-feira, as autoridades israelenses celebraram a finalização da tratativa tripla entre os dois governos e a Pfizer, na qual Israel enviaria mais de 1 milhão de doses de sua vacina para a AP em troca de um número semelhante de doses a serem entregues de volta para Israel ainda neste ano.

Autoridades israelenses disseram que a ação marcou o início de um capítulo de reengajamento entre Israel e os palestinos. Horas depois, porém, o primeiro-ministro palestino, Mohammad Shtayyeh, cancelou o acordo, dizendo que as primeiras 100 mil doses da Pfizer expirariam no final do mês, que era cedo demais.

O ministro palestino da Saúde, Mai al-Kaila, disse que as autoridades de saúde que inspecionaram as vacinas descobriram que elas “não atendiam aos padrões e então decidimos devolvê-las”. O Ministério da Saúde israelense disse que não aceitaria a devolução das doses. Se não fossem usados pela Autoridade Palestina, disseram as autoridades, seriam jogadas fora.

A troca da vacina estava em andamento há vários meses sob o comando do ex-premiê Binyamin Netanyahu. Ficou claro para todas as partes que as primeiras doses enviadas seriam as mais perto do vencimento, como também é o protocolo em Israel, usar primeiro as doses perto da validade, segundo autoridades israelenses.

Depois que o acordo foi cancelado na sexta-feira, rumores circularam nas redes sociais de que Israel, em conluio com a AP, estava tentando “envenenar” os palestinos com doses expiradas. Ativistas estão pedindo uma investigação independente sobre o acordo.

“Podemos comprar vacinas nós mesmos e não precisamos de Israel”, disse um funcionário do Fatah. “Israel nos negou vacinas por muito tempo, mesmo quando eles tinham milhões extras”, disse Mustafa Barghouti, um médico palestino e ativista da oposição. “Agora que eles estão perto de expirar, eles fecharam este negócio e queriam trocar as doses velhas por novas.”

Desde o início da inoculação em dezembro, Israel, que comprou milhões de doses a preços acima do mercado e assinou um acordo de compartilhamento de dados com a Pfizer, se estabeleceu como líder global em vacinas. Ramallah recebeu remessas da Covax – o programa de vacinação global vinculado à Organização Mundial da Saúde – e da Rússia, China e Emirados Árabes Unidos, bem como milhares de doses doadas por Israel, embora com atraso.

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