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China força vacinação de crianças para ter imunidade coletiva

Pais estariam sendo pressionados pelo governo chinês para imunizar 160 milhões de menores.

Enquanto o restante do mundo luta para vacinar adultos contra a covid-19, a China adotou uma campanha de vacinação voluntária de menores de 3 a 11 anos, que pretende imunizar até o fim do ano todas as 160 milhões de crianças, que o governo chama de “pequenos guerreiros inoculados”. Nas duas primeiras semanas, 84 milhões de meninos e meninas receberam uma dose – no mesmo período, os EUA conseguiram aplicar uma dose em apenas 2,6 milhões de crianças entre 5 e 11 anos – 10% do total.

O esforço é parte da marcha de Pequim para alcançar a chamada imunidade coletiva, ponto em que um número suficiente de pessoas estaria imune ao vírus e ele não conseguiria se espalhar pela população. Esta estratégia foi abandonada pela maioria dos países, já que casos de reinfecção são frequentes, mas a China estabeleceu como meta para a reabertura de suas fronteiras.


Faltando menos de três meses para a Olimpíada de Inverno de Pequim, as autoridades estão reforçando a estratégia. Com 1,1 bilhão de adultos vacinados, os jovens são vistos como uma parte importante do sucesso.

Mas a campanha enfrenta obstáculos significativos, incluindo a relutância dos pais em um país com uma história atribulada de segurança em vacinas infantis. O governo insiste que a vacinação para crianças é voluntária, mas há relatos de coação. Quando You Xun recusou imunizar seu filho de 3 anos em Ningde, o menino foi subitamente mandado para casa pela escola. Após vários dias de silêncio, ele visitou as autoridades locais para reclamar da aparente expulsão do garoto. A resposta foi que não havia regra proibindo crianças não vacinadas de assistir às aulas. Então, ele levou a criança de volta à escola. “É uma campanha de pressão disfarçada para fazer cumprir a vacinação”, disse.

Imunidade

Embora as vacinas chinesas sejam consideradas seguras pelas principais autoridades regulatórias do mundo, o país também tem um histórico de administrar vacinas vencidas e guardar qualquer informação sobre incidentes. Em um escândalo de 2018, milhares de crianças foram injetadas com vacinas ineficazes para difteria, tétano e coqueluche. Em 2013, 17 bebês morreram após receber uma vacina chinesa contra hepatite B.

“A esperança deles é que, ao aumentar a taxa de vacinação, isso lhes dê confiança para se abrir no futuro”, disse Yanzhong Huang, diretor do Centro de Estudos de Saúde Global da Universidade Seton Hall. Chegar lá será difícil, em parte porque as vacinas do país parecem ser menos eficazes do que as ocidentais. “Contando apenas com os imunizantes atuais, é improvável que a China construa essa imunidade de rebanho”, disse Huang.

Isso não impediu que as autoridades trabalhassem para vacinar as crianças. Professores em todo o país enviaram apelos pedindo aos pais que “se apressem” e vacinem seus alunos. Em Hangzhou, Guangzhou, Shenzhen e Pequim, os jardins de infância enviaram avisos sugerindo que a vacinação é necessária.

Pressão

Em resposta a um pedido de comentário, funcionários dos departamentos de Educação em Guangzhou e Ningde disseram que a vacinação para crianças de 3 a 11 anos não era obrigatória. Um funcionário do escritório de Guangzhou disse que nenhuma diretiva foi emitida para proibir as crianças sem vacinas de frequentar a escola.

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