O Reino Unido anunciou nesta quinta-feira, 14, que oferecerá vistos de emergência com duração de seis meses a 800 açougueiros estrangeiros para evitar o sacrifício em massa de suínos, depois que fazendeiros reclamaram que um êxodo de trabalhadores de abatedouros e de locais de processamento deixou o setor de carne suína lutando para sobreviver.
Uma combinação de Brexit e covid-19 desencadeou um êxodo de trabalhadores do Leste Europeu, deixando cerca de 120 mil porcos em celeiros e campos em todo o país "esperando para serem abatidos", de acordo com a Associação Nacional de Porcos.
O secretário do Meio Ambiente, George Eustice, disse que os vistos temporários responderiam ao que fazendeiros apontam como um problema de meios de subsistência sob risco e falta de bem-estar para os animais.
"O que faremos é permitir que açougueiros em matadouros e em locais de processamento de carne que lidam com porcos possam entrar temporariamente sob o esquema de Trabalhador Sazonal por até seis meses. Isso nos ajudará a lidar com o acúmulo de carne suína atualmente nas fazendas para dar a essas instalações a capacidade de abater mais porcos", informou Eustice.
Eustice, para quem cerca de 800 açougueiros são necessários para se livrar do acúmulo, anunciou um auxílio para ajudar os abatedouros a estocar carne.
Apesar da urgência, Eustice afirmou que o governo não vai abrir mão da exigência de língua inglesa para vistos qualificados, o que facilitaria a entrada de mais açougueiros —uma demanda-chave dos fazendeiros, que há semanas pedem para o governo agir.
"Avaliamos esse aspecto, mas não acreditamos que isso ofereça uma resposta a seu desafio específico. Em vez disso, decidimos conceder vistos temporários", declarou.
A falta de açougueiros é apenas uma das várias áreas em que o Reino Unido enfrenta uma grave escassez de mão de obra.
No mês passado, o governo anunciou planos de emitir vistos temporários para 5 mil motoristas de caminhão estrangeiros e 5,5 mil trabalhadores avícolas, mas o governo quer que as empresas invistam numa força de trabalho britânica, em vez de depender da mão de obra estrangeira barata.
Os ministros também têm se esforçado para minimizar as sugestões de que a saída britânica da União Europeia foi o principal fator afetando os trabalhadores nas cadeias de abastecimento. Segundo Eustice, muitos trabalhadores da indústria dos suínos voltaram para suas casas durante a pandemia e simplesmente não retornaram ao Reino Unido.
"É um quadro complexo: houve muitas interrupções no mercado, problemas de acesso ao mercado chinês, talvez alguma superprodução. Então sim, a mão de obra foi um agravante, mas não foi o único fator. Até porque a indústria de suínos, de forma similar com muitas partes da indústria de alimentos, teve uma perda de pessoal à medida que muitos dos cidadãos da UE dos quais dependiam partiram durante a pandemia, sem ter nada a ver com o Brexit", afirmou.
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