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Trump se livra de impeachment e concentra esforços na reeleição

Para destituí-lo, os democratas precisavam de dois terços dos 100 senadores – ou seja, 20 votos republicanos; obtiveram apenas um: Mitt Romney.

Após três meses de debates, depoimentos e ações judiciais, o Senado dos EUA absolveu nesta quarta-feira, 5, Donald Trump das duas acusações no processo de impeachment. Para destituí-lo, os democratas precisavam de dois terços dos 100 senadores – ou seja, 20 votos republicanos. Obtiveram apenas um: Mitt Romney, conhecido desafeto de Trump.

Trump, que agora pode se concentrar na campanha pela reeleição, era acusado de abuso de poder e obstrução do Congresso. Entre julho e setembro, ele teria usado os privilégios do cargo para pressionar o governo da Ucrânia a investigar o democrata Joe Biden, pré-candidato presidencial e um dos rivais mais complicados de derrotar em novembro – o ex-vice-presidente dos EUA lidera a maioria das pesquisas.


Em seguida, quando os congressistas começaram a investigar o caso, a Casa Branca escondeu documentos e vetou o depoimento de assessores. Após meia hora de votação, dos 100 senadores, 52 republicanos consideraram o presidente inocente de abuso de poder (apenas Romney votou contra, ao lado dos democratas) e 53 o livraram da acusação de obstrução do Congresso.

O longo martírio de Trump começou em setembro, quando a Casa Branca resolveu publicar a transcrição de uma conversa entre Trump e o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, na qual o americano pressionava pela abertura de uma investigação a respeito de Biden e de seu filho Hunter.

Na semana seguinte, os deputados democratas receberam uma denúncia anônima de um delator que denunciava abuso de poder de Trump – e Nancy Pelosi, que preside a Câmara dos Deputados, abriu um inquérito que eventualmente se transformou em um processo de impeachment do presidente.

Antes de Trump, apenas dois presidentes americanos enfrentaram um julgamento político no Congresso. Andrew Johnson, em 1868, foi salvo pelo Senado por apenas um voto. Em 1998, o democrata Bill Clinton também foi condenado pelos deputados e resgatado pelos senadores. O republicano Richard Nixon renunciou em 1974 antes da votação.

Novos depoimentos

A absolvição no Senado, no entanto, não significa que Trump terá sossego até a eleição. Ainda hoje, o presidente da Comissão de Justiça da Câmara dos Deputados, o democrata Jerry Nadler, disse que pretende convocar o ex-assessor de Segurança Nacional da Casa Branca John Bolton para depor sobre irregularidades cometidas por Trump, mesmo após o término do processo de impeachment.

Bolton mostrou disposição para depor, caso fosse convocado pelo Senado, mas os republicanos vetaram testemunhas na última fase do processo. Segundo Nadler, porém, a Câmara pode convocar Bolton mesmo após Trump ter se livrado do impeachment. “Quando você tem um presidente sem lei, precisa trazer isso à tona”, disse. “É preciso proteger a Constituição, quaisquer que sejam as consequências políticas."

Presidente ganha popularidade

A insistência dos democratas, no entanto, pode ter consequências desastrosas e facilitar o segundo mandato do presidente. Quando começou o processo de impeachment, em setembro, o governo de Trump era aprovado por apenas 39% dos americanos, segundo o instituto Gallup. Agora, ele está com 49% de aprovação, a mais alta de sua presidência.

“Alguns da ala esquerda do Partido Democrata ainda falam em um novo impeachment de Trump”, escreveu o colunista David Von Drehle, no Washington Post. “Eu me pergunto se eles não estariam secretamente na folha de pagamento do presidente.”

Trump ironiza no Twitter

Logo após sua absolvição, Trump foi ao Twitter comemorar a decisão com uma postagem de uma capa falsa da revista Time, com uma sequência de datas de sua presidência até aparecer "Trump 4EVA" - na tradução livre, Trump para sempre. O vídeo traz junto uma música da trilha sonora do filme de terror M, o vampiro de Dusseldorf.

Apesar de não ter dado mais declarações, ele prometeu um discurso nesta quinta-feira, 6, para marcar a absolvição no Senado. “Farei um pronunciamento amanhã às 12 horas (14 horas em Brasília), na Casa Branca, para discutir a vitória de nosso país sobre a farsa do impeachment”, escreveu o presidente.

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