A decisão do governo americano de pedir que o Brasil seja priorizado na fila de países que tentam entrar como membros na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), passando o País na frente da Argentina, não é um sinal de reprovação do governo de Alberto Fernández. Autoridade do departamento de Estado americano afirmou, em entrevista a jornalistas nesta quinta-feira, 16, que a decisão tem relação com o fato de a Argentina dar mais importância, neste momento, à renegociação da dívida pública do que à adesão à OCDE. “Ao mesmo tempo o Brasil realmente queria seguir adiante nisso, então apoiamos fortemente a candidatura deles. Mas são duas ações independentes”, afirmou a fonte da diplomacia americana.
O Secretário de Estado americano, Mike Pompeo, deve se encontrar com o chanceler Ernesto Araújo na semana que vem, em Bogotá. Na ocasião, Pompeo pretende reafirmar o apoio americano à entrada do Brasil na OCDE e debater a parceria entre os dois países na “luta global contra o terrorismo”. Pompeo viaja para a Colômbia no próximo dia 20, para a 3ª Conferência do Hemisfério Ocidental de Combate ao Terrorismo.
O governo Trump mudou de posição sobre a fila de candidatos da OCDE nesta semana. Até agora, os EUA vinham se comprometendo com o apoio ao pleito brasileiro de entrar na OCDE, sem indicar formalmente em que posição o Brasil ocuparia na “fila”de candidatos, o que deixava o País no limbo. A mudança aconteceu depois da entrada do novo governo Argentino e da cobrança da diplomacia brasileira por um sinal mais claro, depois de o Brasil ter mostrado alinhamento com os americanos.
A promessa de que os EUA apoiariam o pleito brasileiro de entrada na OCDE foi feita em março, durante a visita do presidente Jair Bolsonaro a Donald Trump, na Casa Branca. Em agosto, no entanto, a agência Bloomberg revelou que o secretário de Estado, Mike Pompeo, enviara carta à organização na qual manifestou o apoio dos EUA à entrada da Argentina e da Romênia, sem menção ao Brasil. A posição americana frustrou o governo brasileiro na época.
Os EUA têm defendido um plano lento de expansão do organismo, contrário ao cronograma defendido pelos europeus que abarcaria previsões e plano de adesão dos seis candidatos atuais. Depois da vinda à tona da carta de Pompeo, o secretário de Estado e Trump reiteraram o apoio ao Brasil, mas novamente sem se comprometer com prazos ou estabelecimento de um cronograma que abarque previsão de entrada para os demais candidatos.
Desde então, o Itamaraty vem cobrando que os americanos somem às declarações de apoio à entrada do País na OCDE um cronograma claro de adesão que contemplasse o Brasil. No final do ano passado, diplomatas brasileiros receberam um aceno dos americanos de que o País teria boas notícias sobre a questão da OCDE. Já se especulava, dentro do governo brasileiro, de que o processo de adesão da Argentina poderia perder força. A avaliação é de que o governo eleito ano passado, de Alberto Fernández, já não prioriza a entrada na OCDE como fazia o governo Macri, o que quase anula o desgaste dos EUA com o país ao passar o Brasil na frente.
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