O primeiro-ministro britânico Boris Johnson conquistou a maioria absoluta no Parlamento, com seu Partido Conservador obtendo 364 cadeiras de um total de 650, de acordo com resultados oficiais publicados nesta sexta-feira, 13. Os trabalhistas de Jeremy Corbyn ficaram com 203 e resta apenas um assento a ser contabilizado.
Pesquisa de boca de urna do instituto Ipsos Mori divulgada em conjunto pelas emissoras BBC, ITV e Sky já havia indicado na quinta-feira uma vitória com ampla maioria do Partido Conservador. Segundo o levantamento, o partido de Johnson elegeria 368 deputados e obteria uma maioria folgada no Parlamento: 86 cadeiras, 51 a mais do que na eleição passada, em 2017. Apenas Margaret Thatcher, em 1983 e 1987, conseguiu uma bancada maior.
O resultado, embora um pouco diferente da previsão, confirma as expectativas: os conservadores conseguiram 66 cadeiras a mais que em 2017, enquanto os trabalhistas perderam 42. Com a ampla maioria, o primeiro-ministro não deve ter dificuldades para aprovar seu acordo sobre o Brexit no Parlamento, encerrando um longo período de instabilidade na política britânica.
Os separatistas do Partido Nacionalista Escocês? (SNP) ficaram em terceiro lugar, com 48 assentos (13 a mais) e os centristas do Partido Liberal Democrata, muito atrás, com 11 deputados (10 a menos).
A líder do Partido Liberal Democrata, a escocesa pró-UE Jo Swinson, perdeu sua cadeira para a candidata do SNP. Jo baseou sua campanha na revogação do Brexit.
O novo governo também terá uma boa margem de manobra no Parlamento para aprovar leis mais restritivas à imigração, um novo orçamento e acordos de livre-comércio com outros países, algumas das principais promessas de campanha de Johnson.
Reações
"Obrigado a todos os que votaram em nosso grande país, participaram como voluntários, se apresentaram como candidatos. Vivemos na maior democracia do mundo", escreveu Johnson em sua conta no Twitter. O ex-prefeito de Londres comemorou "um novo mandato forte para realizar o Brexit (...), unir o país e levá-lo adiante".
Thank you to everyone across our great country who voted, who volunteered, who stood as candidates. We live in the greatest democracy in the world. pic.twitter.com/1MuEMXqWHq
— Boris Johnson (@BorisJohnson) December 12, 2019
"Vou acabar com todas estas bobagens e vamos fazer (o Brexit) a tempo, em 31 de janeiro, sem 'sim', sem 'mas', sem 'talvez'", afirmou o premiê antes de um encontro com a rainha Elizabeth II no Palácio de Buckingham para receber a missão de formar o governo.
Já Corbyn se declarou "muito decepcionado" com o resultado e anunciou que não liderará os trabalhistas nas próximas eleições.
Após o anúncio de sua reeleição como deputado pela circunscrição de Islington Norte, em Londres, Corbyn disse que seu partido empreenderá "uma reflexão sobre o resultado destas eleições".
O presidente americano, Donald Trump, felicitou Johnson por sua "grande vitória". "Reino Unido e Estados Unidos serão livres agora para estabelecer um grande acordo comercial após o Brexit", escreveu ele em sua conta no Twitter.
Congratulations to Boris Johnson on his great WIN! Britain and the United States will now be free to strike a massive new Trade Deal after BREXIT. This deal has the potential to be far bigger and more lucrative than any deal that could be made with the E.U. Celebrate Boris!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) December 13, 2019
Negociação de tratados
Com o novo governo de maioria conservadora, as políticas interna e externa do Reino Unido devem passar por uma série de mudanças.
O Brexit, por exemplo, deve ser aprovado em breve. Boris Johnson prometeu levar de volta ao Parlamento britânico o projeto de lei para ratificar o acordo de saída da União Europeia fechado com Bruxelas e garantir sua aprovação antes do dia 31 de janeiro. Todos os candidatos do Partido Conservador apoiaram o acordo - então, é esperado que a lei passe com facilidade. A oposição não conseguirá nem propor emendas.
Além disso, a negociação de novos tratados com os 27 países da União Europeia, que poderia demorar até o final de dezembro de 2022, segundo as regras atuais, pode ser encurtada. Os conservadores prometeram, durante a campanha, não estender o período de transição para depois de 2020. Especialistas em comércio, no entanto, dizem que o prazo é pouco realista e poderia levar o Reino Unido a enfrentar uma saída desordenada do bloco europeu.
Orçamento e imigração
O Partido Conservador também prometeu um orçamento pós-Brexit em fevereiro, ampliando os gastos do governo com os serviços de saúde, educação e segurança. O ministro das Finanças, Sajid Javid, também prometeu mudar dispositivos fiscais vigentes para permitir que ele possa gastar £ 20 bilhões ao ano, nos próximos cinco anos, em obras de infraestrutura.
A política de imigração deve ser endurecida. Os conservadores planejam adotar um sistema com contagem de pontos, ao estilo australiano, com o objetivo de reduzir a entrada de estrangeiros, principalmente aqueles que têm pouca qualificação. A regra, que afetará também cidadãos da União Europeia, é permitir o acesso ao Reino Unido somente a quem já tem uma oferta de emprego.
Por último, o comércio exterior também deve passar por mudanças. Boris Johnson pretende, dentro de três anos, fazer com que 80% do comércio exterior britânico esteja coberto por acordos de livre-comércio. O conservador planeja priorizar tratados com Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia e Japão.
Ver todos os comentários | 0 |