O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu publicamente nesta quinta-feira, 3, para a China investigar os negócios de Hunter Biden, filho do ex-vice-presidente e pré-candidato democrata à presidência, Joe Biden, no país. Desde a semana passada, Trump é alvo de um inquérito de impeachment que investiga um pedido semelhante feito por ele, por telefone, ao presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski.
"A China deve iniciar uma investigação sobre Biden. O que aconteceu na China é tão ruim quanto o que aconteceu na Ucrânia", disse Trump aos jornalistas na Casa Branca, antes de seguir para a Flórida onde participará de um ato de campanha.
O republicano afirmou que certamente poderia pedir ao presidente chinês, Xi Jinping, que iniciasse uma investigação sobre a atividade de Hunter Biden no país.
"Eu não fiz isso, mas certamente é algo em que podemos começar a pensar", insistiu o presidente. Trump também recomendou a Zelenski para que inicie uma investigação sobre o comportamento de Biden.
Suspeita de suborno de empresário chinês
Em uma entrevista em julho à revista The New Yorker, Hunter se defendeu contra as acusações de ter aceitado suborno de um magnata chinês.
De acordo com a publicação, o filho do ex-vice-presidente ofereceu ao empresário chinês Ye Jianming "usar seus contatos" quando estava no conselho do Programa Mundial de Alimentos dos EUA para ajudar a identificar oportunidades de investimento para sua companhia.
Hunter Biden explicou que Ye lhe enviou um diamante de 2,8 quilates (avaliado em cerca de US$ 80 mil), que o filho do ex-vice-presidente diz ter dado aos seus sócios.
O apelo de Trump à China foi particularmente impressionante, dado que Washington e Pequim travam uma guerra comercial amarga iniciada pelos Estados Unidos e que tem prejudicado o crescimento econômico global. Eles devem realizar outra rodada de negociações nos Estados Unidos na próxima semana.
Após as declarações de Trump, a vice-gerente de campanha de Biden, Kate Bedingfield, disse em comunicado que Trump está “se agarrando desesperadamente a teorias da conspiração que foram desmascaradas” e “agora, com seu governo em queda livre, Donald Trump está se debatendo e derretendo na televisão nacional”.
Biden se manifestou sobre a acusação e atacou Trump, em resposta. "A característica definidora da presidência de Donald Trump é o contínuo abuso de poder, uma grotesca seleção de mentiras sobre a verdade e sobre si mesmo diante do país", apontou o democrata, em comunicado.
"Não pode ser mais transparente: Donald Trump está aterrorizado que Joe Biden o vença com facilidade", diz o texto.
Atualmente, o ex-vice-presidente, que está na ala de centro do partido, lidera as pesquisas para ser o candidato do Partido Democrata, na frente dos senadores Bernie Sanders e Elizabeth Warren, dos setores mais progressistas da legenda.
Impeachment de Trump avança na Câmara
O processo de impeachment ganhou rapidez na Câmara depois que presidente da Comissão de Inteligência da Câmara dos Deputados, o democrata Adam Schiff, acusou o secretário de Estado, Mike Pompeo, de tentar obstruir a investigação.
Schiff e outros democratas líderes das comissões de Relações Exteriores e de Supervisão e Reforma no Congresso encarregados de investigar processos políticos contra o presidente ameaçaram forçar a Casa Branca a fornecer documentos relacionados com o caso da Ucrânia.
Eles anunciaram que enviarão formalmente uma convocação ao Executivo na sexta-feira para que entregue esses documentos, se não cumprirem a solicitação de modo voluntário até lá.
Funcionário entrega documentos à deputados
O inspetor-geral do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Steve Linick, entregou para comissões do Congresso documentos sobre casos recentes de possíveis retaliações políticas contra funcionários de carreira envolvendo o caso da Ucrânia, informaram duas fontes familiarizadas com o assunto.
O relato de Linick faz parte do inquérito de impeachment conduzido pelos democratas na Câmara dos Deputados para determinar se Trump pediu ajuda de Kiev para investigar Biden.
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