Pedro Vitor da Silva Pinto, vulgo “Pedrão”, um dos líderes do Bonde dos 40 que foi preso na última quarta-feira (05), acusado de ser autor intelectual da tortura e assassinato de Joycilene Nascimento da Silva, 32 anos, afirmou em depoimento à Polícia Civil do Maranhão que a mulher teria feito simbologia a uma facção criminosa rival no dia em que foi morta.
Em entrevista ao GP1 na manhã desta sexta-feira (07), o delegado Otávio Chaves, titular da Delegacia de Homicídios de Timon, revelou que “Pedrão” disse em depoimento que Joycilene foi torturada após fazer o símbolo da facção PCC.
“O indivíduo que foi preso no Piauí pelos policiais do 9º DP foi interrogado, deu as versões dos fatos, confirma que estava lá, confirma que desferiu algumas agressões, mas nega que tenha sido o linha de frente. Ele disse que estava lá, que pediu para as pessoas não baterem. A versão dele é que a vítima, na festa onde eles estavam, estava fazendo símbolo de facção rival. Lá no bairro predomina uma facção e a menina estava fazendo símbolo de uma facção de onde ela mora. De brincadeira, tinha bebido muito e as pessoas teriam ido tirar satisfação com ela”, relatou o delegado Otávio Chaves.
O titular da Delegacia de Homicídios de Timon ressaltou, no entanto, que Joycilene Nascimento da Silva não possuía antecedentes criminais e nem qualquer relação com facção criminosa.
“O conduzido alega que a jovem estava fazendo esse símbolo. Mas é importante salientar que a vítima não tinha qualquer histórico de envolvimento com crime. Os levantamentos que a gente fez não apontam qualquer ligação dela com facção. O principal é o fato dela morar em uma área de facção rival. Quanto ao fato de ela estar fazendo simbologia, é o que o rapaz alega”, explicou o delegado Otávio Chaves.
Envolvidos no crime
O delegado Otávio Chaves disse ainda que além de “Pedrão”, outros três adultos serão indiciados por participação no assassinato de Joycilene Nascimento.
“A gente observou que tinha mais pessoas lá. Tinham inclusive outros três adultos que supostamente não agrediram, mas estavam lá, se omitiram. Não acionaram a polícia, não acionaram o socorro e vão responder pela sua ausência de conduta, por não terem feito nada. A gente vai mensurar a efetiva participação. Se houve algo mais contundente a gente vai pedir a prisão deles, senão, vão recorrer em liberdade. A maioria dos que a gente identificou são adolescentes. Vamos encaminhar para a Delegacia do Adolescente Infrator, que vai tomar as medidas cautelares cabíveis e falta identificar algumas pessoas que estavam no local. A partir da prisão do suspeito temos 10 dias para concluir o inquérito”, completou o titular da Delegacia de Homicídios de Timon.
Trajetória da vítima
O delegado Otávio Chaves narrou que Joycilene estava saindo de uma festa no bairro São Francisco, em Timon, quando foi abordada por um grupo de seis pessoas, composto por quatro adolescentes e dois adultos, que passaram a agredi-la.
“A vítima e a irmã foram para várias festividades no dia da ocorrência. Em um terceiro bar, quando estava saindo, a vítima viu um grupo de pessoas. O grupo de pessoas se aproximou da vítima e perguntou de onde ela era. Ela disse que era do bairro Pedro Patrício e o grupo disse que como ela era desse bairro ela seria de tal facção, foi aí que começaram as primeiras agressões”, relatou o delegado.
Vítima foi jogada no rio ainda com vida
Em seguida, a vítima foi levada para outros lugares, onde aconteceram mais agressões. Em determinado momento, os acusados jogaram Joycilene bastante machucada no Rio Parnaíba, em Timon. Como estava muito fraca em virtude das agressões, a vítima acabou não resistindo e morreu afogada. O corpo de Joycilene foi encontrado cerca de 24 horas depois, no Rio Parnaíba, região do Encontro dos Rios, na zona norte de Teresina.
“Depois levaram a vítima para trás de um campo de futebol. Começaram a bater, filmaram. As primeiras agressões foram ali. Após as primeiras agressões ela foi levada para uma espécie de vacaria na beira do rio. Lá tiveram novas agressões, queimaram o cabelo da vítima. Empurraram a vítima em uma ribanceira de três metros e desferiram vários golpes com pedaços de madeira na vítima. Em seguida a vítima foi jogada no rio. Conforme o exame cadavérico, ela faleceu tanto de traumatismo craniano por conta das pancadas, como por afogamento. Ela foi jogada no rio ainda com vida”, revelou o delegado Otávio Chaves.
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