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Internacional

Trump volta a ameaçar sobretaxa contra o Brasil; entenda os impactos sobre a economia

Trump acusou nações como Brasil, Índia e China de "taxar demais" e de "querer prejudicar os EUA".

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a fazer ameaças de aumento de tarifas de importação, incluindo o Brasil entre os países afetados. Em sua fala, Trump acusou nações como Brasil, Índia e China de "taxar demais" e de "querer prejudicar os EUA", afirmando que a imposição de tarifas é necessária para proteger a produção interna americana.

“Vamos impor tarifas sobre países e pessoas que realmente nos prejudicam. Eles querem nos fazer mal, mas basicamente buscam melhorar seus próprios países", disse Trump durante um discurso para republicanos na Flórida, nessa segunda-feira (27).


Foto: Facebook/Donald TrumpPela segunda vez, Donald Trump toma posse como presidente dos EUA
Donald Trump

Trump também destacou o papel da China, Índia, Brasil e outros países na criação de tarifas, dizendo: "A China é uma grande criadora de tarifas, assim como a Índia, o Brasil e tantos outros países. E não vamos deixar que isso continue, porque vamos colocar a América em primeiro lugar, sempre colocar a América em primeiro lugar." Em seguida, declarou que "tarifa" é uma das quatro palavras que mais aprecia.

Em novembro de 2024, após as eleições, Trump já havia mencionado que a Índia e o Brasil "cobram muito" e sugerido a reciprocidade nas tarifas: "Se eles querem nos cobrar, tudo bem, mas vamos cobrar a mesma coisa", afirmou.

As falas ocorreram logo após um impasse com a Colômbia, quando Trump anunciou a elevação das tarifas de importação devido à resistência colombiana em receber deportados dos EUA. "Vamos proteger nosso povo, nossos negócios e nosso país com tarifas. Você teve uma pequena indicação disso ontem [domingo] com o que aconteceu com um país muito forte", declarou Trump, referindo-se à Colômbia.

O caso da Colômbia gerou um alerta sobre possíveis aumentos tarifários, e o Brasil poderia ser o próximo a ser afetado, considerando a postura adotada por Trump em relação às deportações. Além disso, o Brasil está suscetível a sanções devido a outras questões, como o uso de moedas alternativas ao dólar, a implementação de impostos mínimos sobre multinacionais e o alegado uso do sistema judiciário para perseguir opositores.

Trump anuncia aumento de tarifas em resposta a crise de deportações

No domingo (26), Trump anunciou um aumento de 25% nas tarifas de importação sobre produtos colombianos, com a possibilidade de elevação para 50% após uma semana, em resposta à postura do presidente colombiano, Gustavo Petro, em relação às deportações. Petro, por sua vez, ameaçou retaliar com tarifas sobre produtos americanos, mas acabou cedendo e alcançando um acordo com os EUA. A declaração de entendimento foi feita na manhã desta segunda-feira (27), quando o governo dos EUA afirmou que a ordem de aumento tarifário não foi assinada. No entanto, o Banco Mundial anunciou a revogação de vistos de trabalho para colombianos.

O governo brasileiro também entrou em cena, com o Ministério das Relações Exteriores solicitando esclarecimentos sobre a suposta violação de acordos de deportação. A chancelaria brasileira alegou que os Estados Unidos enviaram imigrantes ilegais de volta ao Brasil em condições "degradantes", com algemas e correntes. Vale destacar que, nos dois primeiros anos do mandato de Joe Biden, 32 voos de deportados foram enviados ao Brasil, com procedimentos padrões para o transporte, independentemente da administração.

EUA são o 2º maior parceiro comercial do Brasil; impacto das tarifas pode ser significativo

Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, e um aumento das tarifas de importação poderia ter sérias consequências para ambos os países. Em 2024, as exportações do Brasil para os EUA atingiram US$ 40,3 bilhões, um aumento de 9,2% em relação ao ano anterior. Os EUA também aumentaram suas importações do Brasil, somando US$ 40,6 bilhões, com um comércio bilateral de US$ 80,9 bilhões.

Caso as tarifas sejam impostas, tanto a indústria quanto o agronegócio brasileiro seriam afetados. Em 2024, os produtos mais exportados para os EUA foram petróleo e derivados, produtos semiacabados de aço e ferro, aeronaves e equipamentos, e café não torrado. O presidente do conselho da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), Arthur Pimentel, ressaltou a importância dos EUA como parceiro estratégico, independentemente das implicações políticas.

Setores impactados e propostas estratégicas para superar o cenário

A indústria e o agronegócio brasileiro enfrentariam desafios significativos com a imposição de tarifas adicionais. O Brasil exporta produtos variados para os EUA, como petróleo, aço e carne bovina. Em relação à carne, embora já existam tarifas elevadas de 26,5%, a perspectiva de aumento nas vendas ainda é positiva devido à alta demanda por carne bovina no mercado americano, em especial devido a restrições no setor pecuário dos EUA.

No entanto, especialistas como Arno Gleisner, da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços do Brasil (Cisbra), acreditam que a estratégia de "nearshoring" dos EUA, que busca fornecedores mais próximos, pode beneficiar produtores brasileiros, já que os importadores americanos estão cada vez mais interessados em diversificar seus parceiros comerciais, especialmente em relação à Ásia.

Brasil e Colômbia buscam soluções diplomáticas para evitar prejuízos econômicos

Na Colômbia, empresários pressionaram o presidente Gustavo Petro a resolver a crise diplomática com os EUA de forma negociada, a fim de evitar danos à economia nacional e ao comércio bilateral. A situação reflete a crescente preocupação dos países latino-americanos com a postura tarifária do governo Trump, que também pode afetar o Brasil.

Possíveis razões para aumento de tarifas ao Brasil além das deportações

Além da questão das deportações, o governo americano pode usar outras razões para justificar o aumento das tarifas sobre o Brasil. Durante a campanha, Trump ameaçou taxar produtos e serviços dos países do BRICS, caso adotassem uma moeda própria em vez do dólar. Além disso, Trump retirou os EUA do pacto tributário global, o que possibilita a aplicação de uma alíquota mínima de 15% para multinacionais com lucros acima de US$ 788 milhões. O Brasil já implementou essa tributação mínima e foi um dos países signatários do pacto.

O Brasil também pode ser alvo de sanções devido ao uso do sistema judicial para perseguir opositores, uma prática conhecida como "lawfare", que se refere ao uso político do sistema judicial para atacar adversários.

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