O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, está considerando a imposição de tarifas comerciais contra o Brasil e outros países acusados de utilizar o sistema judicial para perseguir adversários políticos. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (15) pelo Wall Street Journal (WSJ), em um contexto de tensão crescente nas relações entre Brasil e Estados Unidos.
A iniciativa surge após o ex-presidente Jair Bolsonaro ter sido impedido de viajar aos Estados Unidos para participar da posse de Trump, marcada para a próxima segunda-feira (20), em Washington. Bolsonaro teve seu passaporte apreendido em fevereiro de 2024, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito da Operação Tempus Veritatis. A investigação apura supostos planos de golpe de Estado e outras acusações.
Em declaração ao WSJ, Bolsonaro negou todas as acusações e classificou as medidas judiciais contra ele como “perseguição implacável”. “Eles estão tentando me humilhar, me pintar como o pior criminoso do mundo”, afirmou.
Bolsonaro formalizou um pedido ao ministro Moraes para participar da cerimônia de posse de Trump, apresentando um documento oficial que comprovava o convite. Apesar disso, o STF ainda não autorizou a viagem, agravando as tensões diplomáticas. Segundo o WSJ, fontes ligadas à equipe de transição de Trump consideram que essa indecisão pode fragilizar ainda mais as relações entre os dois países.
Pressão econômica como resposta
Aliados de Trump apontaram que ele está disposto a utilizar tarifas comerciais para pressionar governos acusados de praticar “lawfare” — termo usado para descrever o uso do sistema judicial como ferramenta de perseguição política. A fonte citada pelo WSJ destacou que Trump considera essa prática uma forma de instrumentalização do Estado contra adversários, algo que ele mesmo afirma sofrer nos Estados Unidos.
“A pior maneira de o governo Lula iniciar sua relação com a administração Trump é instrumentalizar o governo contra um adversário político”, afirmou ao WSJ uma pessoa próxima ao presidente eleito dos EUA.
Tensões em outras frentes
A relação entre Brasil e Estados Unidos já enfrentava desafios devido às medidas do STF contra a plataforma X (antigo Twitter), sob a justificativa de combate ao discurso de ódio. Elon Musk, agora membro da equipe de Trump, criticou duramente Alexandre de Moraes, chamando-o de “ditador”. Essa declaração adiciona uma camada extra de tensão às relações bilaterais.
A medida considerada por Trump é vista como um alerta para outros países, sinalizando que a nova administração norte-americana não tolerará o que define como abusos judiciais com motivações políticas.
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