Após crise que dividiu o Partido Democrático Trabalhista (PDT) no Ceará, o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio foi escolhido na segunda-feira, 18, para disputar o governo do Estado nas próximas eleições. Ele venceu a atual governadora, Izolda Cela, em uma votação entre membros do diretório estadual, por 55 votos a 29. Com a decisão, a cúpula da sigla espera colocar um ponto final na crescente crise interna das últimas semanas e que poderia colocar em risco a continuidade da hegemonia do partido no Estado.
A expectativa é de que o nome de Cláudio seja referendado na convenção da sigla, que deve ocorrer no dia 24 de julho. Na tarde de segunda-feira, dois nomes retiraram suas pré-candidaturas: o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Evandro Leitão, e o deputado federal Mauro Filho.
A escolha pelo ex-prefeito da capital, no entanto, coloca em xeque a tradicional aliança entre PDT e PT no Estado. Os petistas defendiam que Izolda tinha direito de disputar um novo mandato por estar na cadeira e estudam lançar candidatura própria ao governo.
A atual governadora do Ceará, Izolda Cela (PDT), afirmou respeitar a decisão do diretório estadual. “Meu partido PDT decidiu hoje, em reunião de diretório, que não terei o direito a concorrer à reeleição. Respeito a decisão. Seguirei firme, com força e coragem, honrando meu mandato e trabalhando muito pelo nosso Ceará. Sempre com respeito e verdade. A luta continua!”, escreveu a pedetista no Twitter na noite de segunda-feira, 18.
Já o ex-governador do Ceará Camilo Santana (PT) lamentou a decisão do PDT. “Lamento muito que a primeira mulher governadora do Ceará não poderá concorrer à reeleição, após decisão do PDT. Siga firme, Izolda! O Ceará tem muito orgulho de sua força e determinação”, disse o ex-governador em publicação no Twitter.
Izolda assumiu o governo após Santana renunciar ao mandato em abril para concorrer ao Senado. Considerada figura de confiança do petista, ela é o nome preferido do PT para a disputa estadual.
Crise entre siglas
O pano de fundo da crise entre as legendas é a eleição presidencial. Petistas defendem um nome mais próximo ao ex-governador Camilo Santana (PT) e que possa dar palanque tanto para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quanto para Ciro no Ceará.
Izolda preenche os requisitos, na visão da legenda. O PT, no entanto, vê dificuldades em um palanque para Lula caso Cláudio seja escolhido. A proximidade entre ele e Ciro gera desconfiança no partido por causa dos constantes ataques do ex-ministro a Lula e à legenda.
A escolha por Cláudio também pode desagradar parte da base aliada. PT, PP, PCdoB, PV e MDB lançaram um manifesto em que colocam a governadora como único nome capaz de unificar o grupo. Um grupo de 28 deputados estaduais e 80 prefeitos também já se manifestou a favor da pedetista.
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