O governador de São Paulo, João Doria, e o ex-senador Arthur Virgílio defenderam neste domingo, 21, que as prévias do PSDB sejam adiadas em uma semana. Em nota conjunta, ambos disseram que querem o "dia 28 de novembro, próximo domingo, para que o processo de prévias se encerre de forma rápida, eficiente e justa". Mais tarde, durante entrevista coletiva, o paulista acusou o seu principal adversário na disputa, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, de querer "melar" a disputa, já que não concorda com a proposta. O gaúcho nega e pede a extensão do prazo de votação para mais 48 horas.
"Não há razão para adiar as prévias do PSDB, exceto por aqueles que querem melar as prévias. Fora disso, quem quer fazer democracia não tem medo do voto. Quem não tem medo do voto pode votar no próximo domingo, 28 de novembro", afirmou Doria ao lado de Virgílio, ao retornarem à sede do PSDB para uma nova reunião do partido na noite deste domingo. A proposta do governador é reabrir o aplicativo no próximo domingo, das 6 horas às 18 horas. De acordo com o paulista, há compromisso da empresa contratada em resolver os problemas até o próximo fim de semana.
O tucano do Rio Grande do Sul anunciou que defende que as prévias sejam concluídas nas próximas 48 horas. "Queremos a conclusão o quanto antes desse processo. Não queremos adiamento, como eles querem, para o próximo fim de semana", disse Leite, ao chegar à sede do partido.
O processo interno, que define o pré-candidato tucano ao Palácio do Planalto, seria finalizado hoje, mas foi suspenso e tem a previsão de resultado indefinida por problemas no aplicativo de votação remota. Os votos presenciais no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, por sua vez, foram contabilizados. Os governadores Leite e Doria polarizam a disputa interna. Arthur Virgílio também concorre, mas sem chances de vencer.
O presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, fará uma reunião nesta segunda-feira, 22, às 14 horas, com a Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (FAUFRGS), desenvolvedora do aplicativo utilizado nas prévias do partido, na tentativa de definir a data da retomada da votação remota.
Araújo disse que a decisão será tomada de acordo com pareceer técnico sobre a real situação do aplicativo, que custou cerca de R$ 1,5 milhão. “Em havendo tempo de resolução de curtíssimo prazo, a ideia é que ele seja disponibilizado imediatamente para o filiado”, destacou o presidente do PSDB após reunião com Doria, Leite, Virgílio e outros dirigentes do partido. "Se não for em curto prazo, as campanhas vão dialogar. Prazo limite (para as prévias) depende de questão técnica."
Discordâncias
“Foi alertado durante todo o processo sobre a fragilidade do aplicativo e os problemas de instabilidade e insegurança que o modelo proposto poderia trazer para as primárias”, diz a nota divulgada por Doria e Virgílio. “Mesmo diante dos alertas de ambas as campanhas e da Kryptus, auditoria contratada pelo próprio partido para garantir a lisura da eleição, a direção do PSDB optou por manter o contrato com a FAUGRS (Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, sediada em Pelotas) e o uso da plataforma”, acrescentam no texto.
Já na avaliação de Leite, as prévias "perderiam a integridade" se forem adiadas por mais de dois dias. "Adiamento por uma semana não é razoável. Haveria reabertura de campanha nesta semana", declarou o governador, que ainda desmentiu trecho da nota conjunto de Doria e Virgílio. O comunicado de Doria dizia que a FAUGRS era sediada em Pelotas, onde Leite foi vereador e prefeito, quando, na verdade, fica em Porto Alegre.
"A campanha de Eduardo Leite aceita mais 48 horas de votação, desde que garantida a capacidade técnica para votação de todos os cadastrados que assim desejarem", diz uma nota divulgada pela campanha de Leite também nesta noite. "Com mais do que isso, as prévias perderiam sua integralidade, seja pelo prazo, seja pelo número de votantes, seja pela incapacidade técnica do aplicativo, seja pela agressão ao ato normativo eleitoral ou seja pelas denúncias de irregularidades de todo o tipo, que se avolumaram no dia de hoje e que poderiam ensejar judicializações e sindicâncias indesejadas", acrescenta.
Além das dificuldades em votar, o problema técnico motiva acusações de fraude entre aliados dos dois principais adversários na disputa. O gaúcho declarou que as prévias devem acontecer "o quanto antes".
Nos bastidores, apoiadores do governador de São Paulo acusam a campanha de Leite de querer adiar as prévias para ganhar no "tapetão". Aliados de Doria chegaram a dizer até mesmo que adeptos da candidatura de Leite tentam “melar” o processo, com o adiamento das prévias, porque vislumbraram a derrota iminente. O mesmo discurso é usado por aliados de Leite.
Em nota, a FAURGS afirmou que está investigando as causas da instabilidade no aplicativo. “Os esforços dos técnicos da instituição estão em descobrir a causa da lentidão do sistema. Assim que houver total comprovação, o detalhamento desse ocorrido será levado a público”, disse a instituição, que negou relação com compra de licenças para realizar o reconhecimento facial dos filiados, como chegou a se especular mais cedo.
De acordo com a FAURGS, a segurança do sistema de apuração não foi afetada. “Todo o processo está sendo acompanhado por técnicos representando as três chapas inscritas, garantindo lisura e transparência”, finaliza a nota.
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