A proximidade da eleição no Brasil e o cenário externo turbulento têm um forte efeito negativo no mercado financeiro brasileiro nesta segunda-feira, 26. O dólar atingiu R$ 5,3793 às 12h40, uma alta de 2,49%. É o maior patamar desde o fim de julho. A bolsa, por sua vez, opera em queda, abaixo do patamar dos 110 mil pontos. Às 12h37, o recuo era de 1,81%, para 109.698 pontos.
Segundo analistas, esses resultados refletem a busca dos investidores posições defensivas, em meio aos temores de alta dos juros mais forte nos Estados Unidos, recessão na Europa e a tensão geopolítica global.
Para Bruno Mori, economista e planejador financeiro pela Planejar (Associação Brasileira do Planejamento Financeiro), há ainda preocupações com a reta final do primeiro turno da eleição presidencial no Brasil. Ele afirma que parte da pressão no câmbio se dá pelas dúvidas quanto ao quadro fiscal, uma vez que os dois principais candidatos - Lula e Jair Bolsonaro - ainda deixam em aberto questões importantes, como o teto de gastos. “Ainda assim, creio que a tendência para o dólar não é essa que vemos nesta semana, até porque o fim do ciclo de altas dos juros deve beneficiar o câmbio”, afirma.
Bolsa em queda
A Bolsa, por sua vez, perdeu o nível dos 110 mil pontos, a despeito da valorização das bolsas internacionais, que buscam recuperação. Enquanto o mercado de ações caiu por quatro pregões seguidos na semana passada, o índice Bovespa teve alta semanal de 2,23%.
“Tem um contexto de cenário internacional. O Brasil acaba acompanhando este movimento de aversão ao risco. No entanto, em alguns momentos consegue se descolar justamente pelo fato de que temos múltiplos atrativos, empresas descontadas, potencial de retorno mais rápido do que de empresas em Nova York”, avalia a economista-chefe da Vedha Investimentos, Camila Abdelmalack.
Juros nos EUA
Nesta segunda-feira, a presidente da distrital de Boston do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Susan Collins, disse estimar que a inflação nos EUA está próxima ou até já atingiu o seu pico. Durante evento da Câmara de Comércio de Boston, a banqueira central mencionou que alguns dos “desafios dos gargalos na cadeia de suprimentos” moderaram recentemente, o que pode ajudar os preços nos EUA arrefecerem.
Ao mesmo tempo, a ação recente do Fed já foi precificada por alguns setores da economia, como o imobiliário. Como resultado do aperto monetário, a perspectiva aponta para um crescimento “mais lento” da economia este ano e em 2023 e um “crescimento modesto” do desemprego no país, ressaltou. Ela também ressaltou o foco do BC americano no combate à inflação, em seu primeiro discurso público como presidente do Fed de Boston.
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