Bernie Madoff, o financista que se declarou culpado por orquestrar o maior esquema de pirâmide financeira da história (conhecido como esquema de Ponzi), morreu nesta quarta-feira numa prisão federal nos EUA, aos 82 anos, segundo fonte da Associated Press. Madoff aparentemente faleceu de causas naturais, afirmou a fonte.
No ano passado, advogados de Madoff apresentaram petição para tentar tirá-lo da prisão em meio à pandemia de covid-19, com o argumento de que ele sofria de doença renal em estágio avançado e de outros problemas médicos crônicos. O pedido foi negado.
Madoff, um operador renomado de Wall Street e fundador da Bernard L. Madoff Investment Securities LLC, cumpria pena por prejudicar milhares de clientes em fraudes que envolveram bilhões de dólares ao longo de décadas - na época em que foi preso, em 2008, o esquema era estimado em US$ 65 bilhões.
A fraude pela qual foi condenado era feita da seguinte forma: a empresa de Madoff atraía os investidores oferecendo níveis de rentabilidade que chegavam a 1% ao mês, ou seja, mais de 10% de retorno no investimento por ano. Ele, então, utilizava o dinheiro desses novos investidores para pagar clientes antigos, que queriam resgatar os recursos aplicados.
O esquema funcionava porque os rendimentos não eram pagos aos investidores todo mês, apenas acompanhado por eles. Esse dinheiro só seria devolvido ao cliente quando este resgatasse seu investimento. O problema é que, diante de grande demanda por resgates em decorrência da crise financeira de 2008, o fundo de Madoff ficou sem dinheiro para pagar os investidores e a fraude veio à tona.
Suas vítimas questionaram por que as autoridades americanas não checaram antes o que estava acontecendo, mas a forma como Madoff operava foi decisiva para o seu sucesso. Descrito como "afável" e "de alto nível, mas de uma forma discreta", o banqueiro se esforçou para manter sua aura de exclusividade.
Muitos de seus clientes mais ricos foram conquistados em conversas em clubes para abastados em Nova York ou na Flórida, e Madoff dava a eles uma sensação de pertencerem a um círculo privilegiado. Ele usou esses grandes nomes para atrair outros investidores, até que sua influência passou a se estender a grandes bancos, fundos hedge e até mesmo organizações beneficentes.
As operações de Madoff, de fato, eram bem obscuras. Além de sua empresa original, a Bernard L. Madoff Investment Securities, ele dirigia uma empresa de assessoria financeira totalmente separada - e é essa empresa que estava envolvida na fraude.
Antes do esquema ser descoberto, analistas financeiros levantaram dúvidas sobre as práticas de Madoff repetidamente, incluindo uma carta de 1999 para a SEC, a comissão de valores mobiliários americana, que acusava Madoff de estar realizando o esquema Ponzi. Mas nenhuma investigação foi conduzida até o colapso do esquema.
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