Após acumular perdas superiores a 10%, a Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, acionou o sexto "circuit breaker" do mês e parou as negociações, que se mantêm suspensas por 30 minutos.
A Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, abriu as negociações do dia com forte queda, superior a 8%, perdendo o patamar de 70 mil pontos. No decorrer da manhã, as perdas diminuíram o ritmo, estabilizando a queda em 6%. No início da tarde, porém, as perdas voltaram a se intensificar. Às 12h21, o Ibovespa caia 9,11%, aos 67.816,95 pontos.
O dólar sustenta nesta semana o patamar de R$ 5, e, na abertura das negociações desta quarta-feira, 18, iniciou a cotação em R$ 5,16, um avanço superior a 3% em relação ao fechamento do dia anterior, estabelecendo novo recorde nominal - quando descontada a inflação. Poucos minutos após a abertura, a moeda americana estabeleceu novo recorde, atingindo R$ 5,20.
Às 12h23, a moeda americana tinha um leve recuo em relação à disparada que teve nos primeiros momentos de negociação, ficando cotada a R$ 5,0810, um aumento de 1,44%. Nas casas de câmbio, de acordo com levantamento do Estadão/Broadcast, o dólar turismo chegou a ser negociado a R$ 5,40, variando entre R$ 5,30 e R$ 5,40. No mesmo horário, a máxima do dólar turismo era de R$ 5,33. Já a Bolsa, também no mesmo horário, diminuia o ritmo de perdas, mas mantinha a forte queda, em cerca de 6,63%, já na casa dos 69 mil pontos.
A moeda americana têm se valorizado fortemente frente ao real nas últimas semanas. Na quinta-feira passada, dia 12, ultrapassou pela primeira vez a marca de R$ 5, e, na segunda-feira, 16, fechou, de maneira inédita, acima dos R$ 5. Este novo cenário de desvalorização da moeda brasileira segue a instabilidade dos mercados internacionais por conta da disseminação do novo coronavírus, causador da Covid-19.
Há previsto para o início da noite desta quarta-feira corte da Selic, a taxa básica de juro do País, pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom). em resposta ao coronavírus. Além disso, há expectativa de um leilão de linha de até US$ 2 bilhões às 9h30. Porém, essa atitude do Banco Central deve ser insuficiente para acalmar o mercado de câmbio. O dólar já sobe no exterior e as expectativas sobre a economia brasileira pioram. O UBS cortou a projeção de crescimento do Brasil em 2020 de 1,3% para 0,5% em meio à tensão renovada com a pandemia de coronavírus. Há, até mesmo, previsão de PIB negativo para este ano.
O mercado deve ficar à espera do detalhamento do pedido de calamidade pública no País, em entrevista coletiva do ministro da Economia, Paulo Guedes, e sua equipe às 11 horas. Além disso, estão previstas duas coletivas com o presidente Jair Bolsonaro para tratar da questão do coronavírus: a primeira, com os ministros do governo (14h30) e, a segunda, com chefes dos demais poderes (20h30).
Por conta da pandemia que assola o mundo inteiro neste ano, as Bolsas de Ásia, Europa e Américas têm sofrido com efeito "sobe e desce", ou seja, enquanto em um dia cai de maneira abrupta, no outro, recupera-se do tombo. Nesta quarta, Europa e Ásia têm queda generalizada. Isso tem se repetido bastante, inclusive, na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, com o Ibovespa, principal índice do mercado nacional. Para se ter uma ideia, o sistema de "circuit breaker", que paralisa as negociações no mercado, já foi utilizado, apenas neste mês, cinco vezes.
Apenas na semana passada, foram quatro momentos de pausa. Uma na segunda-feira, 9, uma vez na quarta-feira, 11, e duas na quinta-feira, 12. Terça-feira, 10, e sexta-feira, 13, foram dias de recuperação nos mercados mundiais. A última que o sistema foi acionado foi na segunda-feira, 16, quando as negociações sofreram uma pausa de 30 minutos após perdas de 12,53%.
Até agora, a moeda americana já possui uma valorização superior a 20% neste ano de 2020. Na abertura do dólar em 2 de janeiro, primeiro momento em que houve negociações no ano, a cotação estava em R$ 4,01 e, no mesmo dia, fechou a R$ 4,02.
Para tentar conter tudo isso, o Banco Central já vendeu US$ 830 milhões das reservas internacionais em dois leilões. A autoridade monetária também vendeu outros US$ 2 bilhões em leilão de linha. Essa operação não afeta o volume de reservas proque há compromisso de recompra.
Com os resultado desta quarta-feira, 18, o Banco Central já injetou US$ 20,075 bilhões em recursos novos no mercado do câmbio apenas em março. Na semana passada, o BC já havia vendido US$ 7,245 bilhões à vista aos agentes financeiros. Intercalado às vendas de dólares à vista, a autoridade monetária negociou outros US$ 6 bilhões neste mês em novas operações de swap cambial (que equivalem à venda da moeda no mercado futuro). O BC ainda vendeu mais US$ 6 bilhões de recursos novos em leilões de linha com recompra, incluindo US$ 2 bilhões negociados na manhã desta quarta-feira.
Ver todos os comentários | 0 |