O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta terça-feira, 5, que o presidente Jair Bolsonaro fará um “cálculo político” para decidir o que fica na proposta de reforma da Previdência. Embora a equipe econômica defenda uma idade mínima de 65 anos para homens e mulheres ao fim da transição, como antecipou o Broadcast, sistema de informação em tempo real do Grupo Estado, Guedes reconheceu que Bolsonaro prefere que haja uma diferença entre homens e mulheres nesse ponto.
Por outro lado, ele indicou que a proposta será dura o suficiente para “resolver o problema”. “O importante é ter potência fiscal para resolver o problema”, disse Guedes. Segundo ele, o objetivo é garantir uma economia de ao menos R$ 1 trilhão – mas citou duas simulações, de que essa economia seja obtida em 10 anos ou 15 anos.
- Foto: Dida Sampaio/Estadão ConteúdoMinistro da Economia, Paulo Guedes
O ministro disse que há “duas ou três” versões alternativas da proposta. Na segunda-feira, com exclusividade, o Broadcast divulgou o teor da proposta que foi fechada pela equipe de Guedes. O teor do documento foi confirmado à reportagem por três fontes que participam da negociação da proposta que endurecerá as regras para se aposentar no Brasil. Duas delas, da equipe econômica, ressaltaram que a palavra final será do presidente Bolsonaro.
Guedes destacou que o próprio presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defende idade mínima igual para homens e mulheres, pois elas têm expectativa de vida maior que a dos homens. “Foi falado homens e mulheres com 65 anos. (...) Só que a posição do presidente Bolsonaro foi sempre que não, que as mulheres deviam ficar com uma idade menor. Foi o que (vice-presidente Hamilton) Mourão falou hoje, palavra final é do presidente. Vamos ser bem mais precisos brevemente”, afirmou.
A ideia é entregar a proposta a Bolsonaro quando ele sair do hospital. “O presidente olha e diz isso aqui sim, isso aqui não. Ele tem o cálculo político dele. Não adianta mandar proposta que não é aceita. Estamos calibrando”, acrescentou o ministro.
Guedes evitou, porém, responder diretamente se o presidente deve de fato flexibilizar a proposta da equipe econômica. “O presidente chegou a dizer coloquem 57 para mulheres e 62 (para homens), e o próprio deputado Maia disse à época que transição tinha que ser rápida”, respondeu Guedes. Segundo ele, chegou-se a simular essa hipótese, mas não se atingia o objetivo de uma economia de ao menos R$ 1 trilhão.
“Favorece muito o nosso governo, porque na hora que empurra para frente, sem transição, mas não é generosa o suficiente com quem está na sua eminência (de se aposentar)”, explicou o ministro.
Guedes afirmou ainda que o desafio do governo não é só salvar a Previdência antiga, mas também livrar futuras gerações de “armadilha”. A minuta antecipada pelo Broadcastprevê a criação do regime de capitalização, segundo o qual os segurados contribuem para contas individuais. O ministro confirmou a informação de que as definições sobre os termos específicos do regime de capitalização ficarão para um “segundo capítulo”.
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