Em meio ao dia positivo em Wall Street e à alta expressiva das ações da Petrobras, impulsionadas pelo avanço do projeto do megaleilão da cessão onerosa, o Ibovespa emendou o quinto pregão seguido de ganhos nesta terça-feira, 15. O índice até chegou a romper o teto psicológico dos 105 mil pontos no fim da primeira etapa de negócios, mas perdeu fôlego ao longo da tarde e encerrou com avanço de apenas 0,18%, aos 104.489,56 pontos.
Segundo profissionais ouvidos pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, fatores técnicos e o desconforto com a crise envolvendo o presidente Jair Bolsonaro e seu partido, o PSL, acabaram limitando os ganhos do Ibovespa, a despeito da alta em torno de 1% das bolsas americanas. Nas últimas cinco sessões, o principal índice da B3 não apenas voltou a ser negociado acima dos 100 mil pontos como acumulou valorização de 4,628%.
Um experiente operador de uma corretora local observa que quarta é dia de vencimento de opções sobre o Ibovespa, o que deixa o mercado mais sensível à disputa entre comprados e vendidos. A volta do apetite ao risco no exterior, após a trégua na guerra comercial entre Estados Unidos e China, abriu espaço para uma recuperação relevante do índice nos últimos dias.
Na máxima do dia, no início da tarde, o Ibovespa atingiu 105 047,62 pontos, impulsionado especialmente pelas ações da Petrobras. Com os preços internacionais do petróleo operando perto da estabilidade e a aprovação do projeto de partilha dos recursos do megaleilão da cessão onerosa na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, as ações da petroleira renovavam máximas atrás de máximas. A expectativa é que o projeto seja apreciado no plenário da Casa ainda nesta terça.
A piora nos preços do petróleo, com queda de mais de 1%, ao longo da tarde e um movimento natural de realização de lucros acabaram reduzindo os ganhos dos papéis da Petrobras e, por tabela, do Ibovespa. Apesar disso, as ações da petroleira terminaram com bom desempenho: PN subiu 1,06% e ON, 1,35%. As ações de siderúrgicas também contribuíram para manter o sinal positivo do Ibovespa. Os papéis da CNS avançaram 2,87%, liderando os ganhos na carteira teórica do índice. Do lado negativo, a Vale ON fechou em queda de 0,17% e PN do Bradesco caiu 0,81%.
O analista da Ativa Investimentos Ilan Arbetman observa que, com os ganhos nesta segunda-feira, o papel PN da Petrobras zerou as perdas em outubro por conta do avanço do projeto da cessão onerosa. Além de beneficiar a ação da petroleira, a aprovação do projeto limpa a pauta do Senado e aumenta as chances de que a reforma da Previdência seja votada em segundo turno já no dia 22 "Essa questão da previdência ainda é uma trava para o mercado, porque há sempre o risco de atraso. A recuperação do índice nos últimos dias foi mais por conta do cenário externo", afirma.
Para Arbetman, uma nova rodada de valorização do índice daqui para frente está ligada a fatores domésticos, como balanço positivos terceiro trimestre e o avanço da agenda de reformas. "Se houver sinais que mostrem o destravamento da economia, o Ibovespa pode ultrapassar os 105 mil pontos e fechar o ano perto entre 108 mil e 110 mil pontos", diz.
Um ponto de atenção no mercado é a crise entre Bolsonaro e o PSL, que ganhou um novo capítulo com a operação da Polícia Federal que teve como alvo o presidente da legenda, Luciano Bivar. Teme-se que uma escalada das tensões entre o presidente e a legenda abale a já frágil relação do Planalto e o Congresso, respingando na agenda de reformas e, por tabela, na expectativa de retomada da economia.
Economia e Negócios
Ibovespa perde fôlego no fim do pregão, mas fecha em alta
O índice até chegou a romper o teto psicológico dos 105 mil pontos no fim da primeira etapa de negócios.
Por Estadão Conteúdo
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