Durante entrevista à TV Band Piauí, na tarde desta quarta-feira (29), o médico e deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), declarou que as medidas de isolamento no país não estão fazendo efeito no combate ao novo coronavírus – Covid-19 – e disse que "a pandemia no Brasil não está obedecendo aos governadores".
Osmar, que também é ex-ministro da Cidadania e ex-secretário da Saúde do Rio Grande do Sul, pontuou que o aumento de casos não é resultado da reabertura do comércio de algumas partes do Brasil. Para ele, a culpa não é de pessoas que não podem ficar em isolamento, pois existem trabalhadores passando fome devido ao período de quarentena.“A pandemia no Brasil não está obedecendo aos governadores, ela está subindo que nem um foguete. O número de casos demora no mínimo uma semana para a aparecer, então provavelmente não é por causa da abertura do comércio. Não vamos colocar a culpa na população, as pessoas estão passando fome, está isolada, os diaristas perderam seus trabalhos, os empreiteiros perderam seus pequenos negócios, os informais estão passando fome”, afirmou.
- Foto: Hélio Alef/GP1Osmar Terra em Teresina
Comparações
O ex-ministro também criticou as comparações que são feitas em relação a outros países, referente ao aumento de casos da covid-19 no Brasil. Terra apontou que comparar o Brasil com China e Itália não é adequado.
“Essas comparações são muito interessantes, pois existem comparações com alguns países e não com outros. O Brasil está com a 4ª parte dos casos da Itália, por exemplo e a Itália tem um quarto da população brasileira, então comparar com a China, ou com a Coréia que tem 250 casos, a epidemia toda controlada, por isso que na minha opinião essas comparações não são adequadas”, ressaltou.
‘Coisa de luxo’
Osmar Terra acrescentou que o período de quarentena é ‘uma coisa de luxo’, pois muitas pessoas não possuem condições financeiras de ficar somente em casa sem exercer seus trabalhos.
“Essa quarentena é uma coisa de luxo só para quem é da classe média alta, que tem dinheiro no banco e comida na geladeira, o resto está passando necessidade. Em São Paulo estão prendendo a pessoa que está caminhando na rua. No Rio de Janeiro estão prendendo pessoa que caminha na praia, que não tem risco nenhum de pegar essa infecção. Como a curva está é culpa dos governadores, fizeram um enorme sacrifício e a curva não foi achatada, ela está subindo que nem um foguete”, aponta.
Crítica aos governadores
O médico ainda falou sobre a atuação dos governadores dos estados, que resolveram enfrentar a pandemia por conta própria.
“Nós precisamos entender essa pandemia, como ela se propaga, se nós estamos agindo correto ou não. Eu tenho uma posição crítica sobre o que os governadores estão fazendo de maneira geral, que resolveram assumir por conta própria o enfrentamento a pandemia e tomar medidas de restrição, de quarentena, fechamento das empresas, de comércio e com isso acreditando que poderia reduzir a intensidade da pandemia”, colocou.
Achatamento da curva
O deputado destacou que é necessário que pelo menos 80% da população da região mais afetada contraia a doença, e que a tentativa de achatar a curva não poderá resolver o combate da pandemia no Brasil.
"É aquela história de achatar a curva. Toda pandemia que não tem remédio nem vacina, ela só termina quando chega a 70% ou 80% da população contaminada da região que foi afetada, não do Brasil inteiro. Se tem uma cidade que está tendo um surto, a curva vai subir, vai chegar até a metade da população contaminada e quando isso acontecer, para de crescer a curva e começa a cair. Quando chegar aos 70% e 80% da população tiver contato com o vírus, termina a pandemia e desaparecer. É assim que foi na gripe espanhola, na gripe asiática, que foram grandes, que foram mais devastadoras que essa do coronavírus, foi assim na H1N1”, acrescentou.
Sugestões a Wellington Dias e Firmino
O ex-ministro finalizou a entrevista elogiando o governador Wellington Dias (PT) e o prefeito de Teresina, Firmino Filho (PSDB), mas sugeriu que os gestores façam mais testes na população que tem contato com idosos, não sendo necessário suspender as atividades econômicas.
“No Piauí vocês têm um bom governador e em Teresina um bom prefeito, não estou criticando os trabalhos dos dois. Quero dizer que as medidas não estão resolvendo. O Piauí tem poucos casos, tem pouca circulação e deixo recado para o governador Wellington e prefeito Firmino, que vocês podem transformar o Piauí em um exemplo de sucesso. Não precisa fechar tudo para salvar vidas, vocês têm poucos casos, eu sugiro que façam mais testes, em quem tem familiares infectados, quem trabalha com idosos, ver o histórico de 14 dias atrás caso tenha entrado em contado com algum caso confirmado”, finalizou.
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