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Em delação, Mauro Cid diz que Bolsonaro tinha esperança de fraude nas urnas

O ministro Alexandre de Mores tornou público nesta quinta-feira (20) o depoimento do ex-ajudante.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, tornou público, nesta quinta-feira (20), a delação premiada completa de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O sigilo das gravações foi retirado no dia anterior, com o intuito de ampliar o acesso das defesas aos conteúdos apurados no procedimento.

Em uma das gravações, Cid declarou que não acreditava que um suposto golpe poderia acontecer, mas que o ex-presidente dava a entender que poderia convencer as Forças Armadas se algo acontecesse. “Ele tinha esperança que, até o último momento, fosse aparecer uma prova cabal que houve fraude nas urnas. E teria o povo na rua, mobilização, Forças Armadas”, afirmou o ex-ajudante de Bolsonaro.


Além disso, Mauro Cid mencionou uma cobrança vinda do tenente da reserva Aparecido Portela, atual suplente da senadora Tereza Cristina (PP-MS). Ele e alguns organizadores do acampamento montado em Brasília esperavam por alguma ação que supostamente acarretaria em um golpe. “A pressão estava começando, ainda mais dele, porque ele conhecia o pessoal do agro. E o pessoal do agro, não vendo nada acontecer, eles achavam que ia acontecer alguma coisa, eles estavam naquele ‘é hoje, hoje vai acontecer’, nessa angústia de esperar que fosse dado o golpe, que o presidente assinasse um decreto e as Forças Armadas fossem fazer alguma coisa”, destacou ele na delação.

Essa ação seria uma medida contra a posse do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que venceu o pleito presidencial contra o ex-presidente Bolsonaro. Segundo Mauro Cid, Bolsonaro não aceitava passar o Poder para o petista, e por isso buscava encontrar fraudes nas urnas eletrônicas. “QUE o ex-presidente Jair Bolsonaro tinha certeza que encontraria uma fraude nas urnas eletrônicas e por isso precisava de um clamor popular para reverter a narrativa: QUE o ex-presidente estava trabalhando com duas hipóteses: a primeira seria encontrar uma fraude nas eleições e a outra, por meio do grupo radical, encontrar uma forma de convencer as Forças Armadas a aderir um Golpe de Estado”, declarou Mauro Cid em depoimento.

Cid também afirmou que tinha conhecimento da suposta tentativa de interferência da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no deslocamento de eleitores do Nordeste no segundo turno das eleições de 2022. Além disso, também falou do hacker Walter Delgatti, cuja função era encontrar vulnerabilidades na urna eletrônica.

Acesso às gravações da delação premiada

A defesa dos 34 denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR), incluindo de Bolsonaro e dos ex-ministros generais Walter Braga Netto e Augusto Heleno, ingressou com pedido junto ao STF para ter acesso às gravações da delação de Mauro Cid. O pedido foi acatado nesta quinta-feira (20) pelo ministro Alexandre de Moraes.

“A garantia constitucional da ampla defesa e do contraditório exige que os denunciados tenham acesso a todos os documentos e provas utilizados pelo Ministério Público no momento do oferecimento da denúncia”, afirmou o magistrado na decisão que tornou pública a delação.

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