A queda acentuada na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que atingiu o pior índice de seus três mandatos, tem gerado desafios significativos para a governabilidade do país. De acordo com a pesquisa Datafolha divulgada na última sexta-feira (14), apenas 24% dos eleitores aprovam a gestão de Lula, enquanto 41% a desaprovam e 32% a consideram regular. Este é o menor índice de aprovação do presidente desde 2005, quando enfrentava o escândalo do mensalão.
Esse cenário de impopularidade remete a momentos críticos do segundo mandato de Dilma Rousseff (PT) e tem gerado preocupação no Palácio do Planalto. Além das tensões internas dentro do governo, o presidente enfrenta uma maior dificuldade em garantir o apoio do Congresso Nacional. O aumento dos custos para obter respaldo parlamentar também torna a governabilidade mais complexa.
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Desafios no governo e no Congresso
Atualmente, o governo Lula enfrenta uma série de desafios, incluindo a aprovação do Orçamento de 2025 e a implementação de medidas importantes para a gestão. O presidente busca recursos federais para programas como o vale-gás e novos incentivos à indústria, mas as propostas ainda estão sem definição e enfrentam resistência política.
No Congresso, os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), defendem maior autonomia dos parlamentares e mais controle sobre as verbas da União, o que agrava a relação com o Executivo. Além disso, o governo conta com o apoio do Judiciário para tentar resgatar parcelas do Orçamento, em nome da transparência nas emendas de comissões.
A sustentação do governo depende, em grande parte, dos votos do Centrão, bloco parlamentar informal composto por partidos de orientação ideológica mais flexível. Para garantir apoio, Lula tenta viabilizar propostas como a isenção de impostos para quem ganha até R$ 5 mil, com contrapartida de aumento de tributação sobre os super-ricos. A reforma da previdência dos militares também está entre as pautas em negociação.
Medidas populistas e discursos de apelo popular
Em meio à queda de popularidade, Lula tem adotado um discurso mais voltado para o populismo, especialmente em suas viagens pelo Brasil. Durante essas viagens, ele apresentou propostas como a criação de um programa dentário para a população de baixa renda, o incentivo à alimentação com ovo de pata e avestruz, além da sugestão de venda direta de gasolina pela Petrobras a preços mais baixos.
Especialistas alertam que, apesar da tentativa de reverter a impopularidade com ações populistas, isso pode ter o efeito contrário, enfraquecendo ainda mais sua influência política e gerando um ambiente semelhante ao final do governo de Dilma Rousseff, onde a intensificação do populismo foi associada ao desgaste da gestão.
A Busca por responsáveis e a tensão interna
Nos bastidores do governo, há uma busca crescente por responsáveis pela queda de popularidade de Lula. Recentemente, a inflação e a crise do Pix foram apontadas como fatores que contribuíram para esse quadro. Líderes do PT têm atribuído a culpa ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e à gestão anterior do Banco Central, comandada por Roberto Campos Neto. Também ganhou força a ideia de que a primeira-dama, Rosângela Lul da Silva (Janja), teria isolado o presidente da política e dificultado a articulação do governo.
Além disso, o ex-ministro da Comunicação, Paulo Pimenta, foi substituído por Sidônio Palmeira, marqueteiro responsável por estratégias mais populistas, o que também gerou controvérsias dentro do governo.
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