As declarações polêmicas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre política externa, incluindo críticas ao sistema de comércio baseado no dólar e apoio a regimes autoritários como o de Nicolás Maduro, podem trazer impactos significativos ao Brasil em 2025. A possível escalada nas tensões é reforçada pelo retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, com Marco Rubio, senador republicano com histórico de atenção à América Latina, assumindo o cargo de Secretário de Estado. Rubio deve intensificar o escrutínio sobre o Brasil, tornando mais sensível qualquer posicionamento do governo brasileiro.
Analistas apontam que as falas de Lula, até agora, não trouxeram grandes repercussões devido ao alinhamento com Joe Biden, atual presidente americano. Entretanto, com a mudança no governo dos EUA, as críticas de Trump à participação do Brasil em iniciativas como a desdolarização no âmbito dos Brics e o reconhecimento explícito da eleição de Maduro podem atrair reações concretas, como a imposição de tarifas comerciais. Rubio, fluente em espanhol e com ascendência cubana, tende a priorizar a América Latina em sua política externa, colocando os discursos de Lula sob maior vigilância.
No contexto dos Brics, o Brasil participa ativamente do desenvolvimento de um sistema de pagamento alternativo ao dólar e ao SWIFT, que está no centro das críticas de Trump. O presidente eleito dos EUA já ameaçou taxar em 100% produtos de países do bloco que busquem alternativas à moeda americana. Trump reforçou recentemente sua posição, declarando que qualquer nação que tentar substituir o dólar "deverá dizer adeus às vendas para a economia norte-americana", marcando um potencial confronto direto com o Brasil.
Outro ponto de tensão é o reconhecimento explícito do governo brasileiro à reeleição de Nicolás Maduro na Venezuela. Embora Lula não compareça à posse de Maduro em Caracas, o envio da embaixadora Glivânia Maria de Oliveira à cerimônia foi considerado um gesto inequívoco de apoio à ditadura venezuelana por analistas e opositores. Esse movimento pode gerar forte reação de Trump e seus aliados no Congresso, especialmente em um contexto de maior atenção à América Latina sob a liderança de Marco Rubio.
A conjuntura internacional mais sensível, com o fortalecimento da agenda protecionista de Trump e maior escrutínio sobre as ações do Brasil, indica que os próximos anos podem ser marcados por desafios diplomáticos mais acentuados. A postura do governo brasileiro em temas como a desdolarização, apoio a regimes autoritários e declarações sobre comércio exterior pode intensificar atritos, com impactos que vão além das declarações diplomáticas, afetando diretamente as relações econômicas entre os dois países.
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