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8 de janeiro: a carta de um vigilante preso mesmo sem denúncia

Marco Alexandre de Araújo está preso desde abril de 2023, acusado de participar das manifestações.

O vigilante Marco Alexandre de Araújo, preso na Papuda desde abril de 2023, acusado de participar das manifestações do 8 de janeiro, enviou uma carta para seus familiares. Ele, que continua na unidade prisional mesmo sem nenhuma denúncia, escreveu críticas a algumas autoridades e relatou a sua versão sobre o ocorrido.

“Vim a Brasília acreditando que seria mais uma manifestação pacífica em defesa da democracia. Não vim para vandalizar, incitar ou depredar bem público porque jamais compactuei com vandalismo em manifestações. Um conservador de direita não compactua com a ilegalidade”, iniciou o vigilante.

Foto: ReproduçãoMarco Alexandre de Araújo
Marco Alexandre de Araújo

Segundo Marco Araújo, as pessoas têm de ter “a coragem de expor as verdades sobre o 8 de janeiro”, e reiterou que foi preso injustamente. “Quem errou que pague pelo seu erro. Estou preso por algo que não fiz e não apoio. Pagando um preço alto que está custando a caminha vida”, continuou.

Para ele, um dos principais erros do 08 de janeiro foi a atuação dos órgãos de segurança pública, que permaneceram inertes diante do avanço de alguns manifestantes, e que praticamente “cruzaram os braços”. “Os vândalos fizeram a festa em cima dos manifestantes pacíficos e transformaram em caos o que poderia ter sido uma bela manifestação. Os fatos devem ser apurados e a justiça deve prevalecer de forma justa, impessoal e imparcial”, refirmou o vigilante.


Prisão

Araújo se entregou à Polícia Federal (PF) durante uma fase da Operação Lesa Pátria, após não ter sido encontrado pelos policiais em casa. Conforme o advogado Geovane Pessoa, o vigilante está com a saúde mental delicada. Assim que foi preso, a defesa denunciou a superdosagem de remédios que ele recebeu na cadeia.

Pai de quatro filhos, sendo um deles recém-nascido, Marco trabalhava também como motorista de aplicativos.

Confira a carta completa

Vim a ser preso na Lesa Pátria, porém, fui voluntariamente à PF de Brasília porque sabia da minha conduta como cidadão de bem, que não compactua com atos antidemocráticos em manifestações.

O 08 de janeiro vai ficar na história como o dia em que pais e mãe de família foram massa de manobra para atender maquiavelicamente aos interesses do sistema. Erraram com o dia 8 e infelizmente jogaram inocentes para pagar pelos verdadeiros culpados.

Vim a Brasília acreditando que seria mais uma manifestação pacífica em defesa da democracia. Não vim para vandalizar, incitar ou depredar bem público porque jamais compactuei com vandalismo em manifestações. Um conservador de direita não apoia ilegalidade. Temos de ter a coragem de expor as verdades sobre o dia 8. Por isso, quem errou que pague pelo seu erro. Estou preso por algo que não fiz e não apoio. Pagando um preço alto que está custando a minha vida.

Não desejo apontar culpados, mas nunca vi em nossas manifestações tamanha ausência e vulnerabilidade dos órgãos de segurança que praticamente cruzaram os braços franqueando a entrada dos manifestantes aos prédios dos Três Poderes.

Os vândalos fizeram a festa em cima dos manifestantes pacíficos e transformou um caos aquela que poderia ter sido uma bela manifestação. Os fatos devem ser apurados e ajustiça deve prevalecer de forma impessoal e imparcial.

Quem errou, que pague pelos seus atos, porque se defendemos tanto a democracia, temos que defender a legalidade, o Direito e a Justiça. Que a nação aprenda com o dia 8 porque vidas inocentes estão sendo ceifadas como mero número descartável, mas são vidas humanas pedindo socorro.

Não desejo que minha vida se vá em vão, pois é assim que estou me sentindo neste deserto: assustado, fraco e sozinho. Perdi tudo. Só não quero perder a fé em Deus, e que haverá justiça justa. Rogo a todos por oração para Deus confortar a nossa alma neste lugar”.

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