O presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), Ademar Traiano (PSD-PR), enfrenta uma crise de proporções significativas, desencadeada por um acordo judicial revelador. No centro do escândalo está a confissão de Traiano sobre o recebimento de propina no valor de R$ 100 mil, parte de um acordo que garantiu a renovação de um contrato de prestação de serviços na TV Assembleia. A confissão veio em troca de um Acordo de Não Persecução Penal (ANPP), o qual evitaria um processo criminal por corrupção passiva. Além de Traiano, o ex-deputado Plauto Miró também foi implicado na delação, admitindo ter recebido propina.
Apesar das tentativas de manter o caso em segredo, a divulgação do acordo e suas ramificações desencadearam uma crise na Alep. A imprensa, apesar de enfrentar tentativas de censura judicial, desempenhou um papel crucial ao trazer à tona as informações. A revelação de que parte da propina foi paga dentro do prédio da Alep e as instruções para ocultar o pagamento a Plauto Miró acrescentaram combustível à controvérsia.
O governador do Paraná, Ratinho Junior, adotou uma postura de isenção em relação ao caso, ressaltando que cabe à Assembleia tomar medidas. O PSD, partido do governador, defende a inocência de Traiano, argumentando que não há base para punição. No entanto, a confissão do presidente da Alep em um acordo judicial, com o pagamento de multas e ressarcimento do valor desviado, levanta questionamentos sobre sua permanência no cargo.
Apesar das pressões internas e das cobranças de renúncia por parte de alguns deputados, Traiano permanece na presidência da Alep. As tentativas de instaurar uma CPI para investigar o caso foram infrutíferas devido à falta de apoio parlamentar. Mesmo uma denúncia por quebra de decoro parlamentar foi arquivada, contribuindo para a permanência de Traiano no poder.
Recentemente, foi proposto um projeto de lei que limita a reeleição para os cargos da Mesa Diretora da Alep, sinalizando uma possível mudança na liderança da casa legislativa. No entanto, o presidente Traiano ainda mantém seu mandato de deputado estadual e se beneficia da extinção da punibilidade resultante do acordo judicial.
Em meio a um ambiente político conturbado, a permanência de Traiano na presidência da Alep continua a ser objeto de debate e controvérsia, enquanto o estado do Paraná enfrenta as consequências de um dos maiores escândalos de corrupção de sua história recente.
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