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Ministério Público denuncia sócios e funcionários do PCS Saleme

A investigação foi desencadeada após seis pacientes transplantados testarem positivo para HIV.

Nesta terça-feira (22), o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) apresentou uma denúncia contra sócios e funcionários do laboratório PCS Lab Saleme, contratado para realizar testes sorológicos em órgãos doados no Estado. A investigação foi desencadeada após a confirmação de que seis pacientes transplantados testaram positivo para HIV.

Entre os denunciados, estão Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, sócio do laboratório; Jacqueline Iris Barcellar de Assis, uma funcionária atualmente presa; e Walter Vieira, também sócio e detido. Outros funcionários, Ivanilson Fernandes dos Santos, Cleber de Oliveira Santos e Adriana Vargas dos Anjos, também foram acusados e estão presos. As denúncias incluem associação criminosa, lesão corporal e falsidade ideológica. Jacqueline, por sua vez, enfrenta acusações adicionais de falsificação de documentos.


Foto: Reprodução/Agência BrasilInstalação da PCS Lab Saleme, responsável pelos exames de transplantes que infectaram seis pacientes com HIV, no Rio de Janeiro
Instalação da PCS Lab Saleme, responsável pelos exames de transplantes que infectaram seis pacientes com HIV, no Rio de Janeiro

A promotora Elisa Ramos Pittaro Neves afirmou que os denunciados sabiam que os pacientes transplantados recebem imunossupressores, para evitar a rejeição do órgão. O MPRJ também revelou que o PCS Saleme operava sem alvará ou licença sanitária e apresentava 39 irregularidades, como falta de higiene e presença de insetos mortos nas bancadas.

Francisco Cardoso, infectologista e perito médico federal, qualificou o caso como “o pior escândalo da história do Ministério da Saúde”, ressaltando que a responsabilidade recai sobre o governo, dado que o Sistema Nacional de Transplantes é de âmbito federal. A Anvisa confirmou que o laboratório não possuía kits adequados para exames de sangue, levantando suspeitas sobre a possibilidade de testes falsificados.

Além das acusações criminais, o MPRJ mencionou ações indenizatórias contra o PCS por erros de diagnóstico, citando o caso de Tatiane Andrade, que recebeu um resultado falso positivo para HIV, resultando em tratamento inadequado para seu filho.

A Polícia Civil concluiu o inquérito e indiciou os seis envolvidos, com a Delegacia do Consumidor pedindo a prisão preventiva dos acusados. As investigações continuam, com a polícia aguardando os resultados da análise do material apreendido, que podem revelar novas evidências.

Entenda o caso

Seis pessoas que aguardavam transplantes pelo sistema da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) receberam órgãos contaminados com HIV de dois doadores e testaram positivo para o vírus.

O erro ocorreu em exames realizados pelo PCS Lab Saleme, um laboratório privado contratado pela SES-RJ em dezembro de 2023, por meio de uma licitação emergencial de R$ 11 milhões. A unidade, localizada em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, era responsável pela sorologia de órgãos doados, mas falhas em dois exames resultaram na transmissão inadvertida do vírus.

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