Em viagem ao Brasil, representante do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos discutiu o envolvimento do Primeiro Comando da Capital (PCC) com o garimpo ilegal de ouro e outros crimes ambientais na região da Amazônia. "Obviamente o ouro pode ser usado tanto como forma de financiar operações do PCC como para lavar receita de atividade de tráfico de drogas", disse a jornalistas o subsecretário do Departamento de Tesouro dos EUA para Terrorismo e Inteligência Financeira, Brian Nelson.
Desde o fim do ano passado, o PCC está classificado pelos americanos como um grupo criminoso passível de sanções, o que permite ao Tesouro do país aplicar medidas que atinjam pessoas ligadas à organização, na tentativa de asfixiar financeiramente a atuação do grupo.
"Agora que designamos o PCC (como entidade envolvida no tráfico global de drogas), há um arcabouço para trabalharmos colaborativamente com nossos respectivos no Brasil para identificar indivíduos específicos e outros facilitadores financeiros que estejam apoiando o PCC, para potencial designação (na lista de passíveis de sanção) ou outras atividades que possamos usar para romper com as operações (do PCC)", disse Nelson a jornalistas em São Paulo.
Nelson esteve em Brasília e São Paulo nesta semana para discutir o tema. Na capital do País, teve reuniões no Itamaraty, Ministério da Justiça, Polícia Federal, no Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) e no Banco Central.
A ligação entre PCC e crimes ambientais, especialmente garimpo de ouro e exploração de madeira, foi discutida pelo americano com organizações do terceiro setor. A preocupação com a conexão entre crimes ambientais e o tráfico de drogas também foi discutida, segundo Nelson, nas conversas com autoridades do governo brasileiro.
Em dezembro, o presidente dos EUA, Joe Biden, assinou uma ordem executiva que deu ao Tesouro americano novas ferramentas para sancionar estrangeiros envolvidos no tráfico internacional de drogas e o PCC foi incluído na lista das organizações que estão na mira de Washington.
"O PCC opera em toda a América do Sul, Paraguai e Bolívia, e suas operações alcançam os Estados Unidos, Europa, África e Ásia”, descreveu o Tesouro americano na época.
Com a autorização de Biden, o Tesouro tem competência para aplicar medidas de combate ao tráfico global de drogas a qualquer estrangeiro envolvido em tráfico, independentemente da vinculação a um grupo. O Tesouro pode determinar o bloqueio de propriedade de suspeitos e a proibição de transferências, empréstimos e financiamentos bancários.
Instituições financeiras com operação nos EUA podem ser punidas se realizarem operações que ajudem a abastecer pessoas vinculadas à facção.
Por isso, a viagem de Nelson ao Brasil incluiu conversas com autoridades governamentais e também com entidades do setor privado e com o presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto. A intenção é identificar formas de colaboração para o combate ao tráfico internacional através dos instrumentos financeiros dos quais o Tesouro americano dispõe.
"Vemos o fato de que eles (PCC) são um importante ator no tráfico de cocaína global. Queremos trabalhar colaborativamente, não só com o Brasil, mas com outros parceiros regionais, para identificar formas de coletivamente desmontar o PCC", afirmou o americano.
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