A chefe de gabinete da secretária-geral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ludmila Boldo Maluf, que teria recebido um e-mail com informações a respeito da ausência de inserções de propagandas eleitorais do presidenciável Jair Bolsonaro (PL), em rádios da região Norte e Nordeste do Brasil, é casada com Paulo José Leonesi Maluf, ex-chefe de gabinete do ministro Alexandre de Moraes.
Em depoimento prestado à Polícia Federal, Alexandre Machado, agora ex-assessor da Secretaria Judiciária do TSE, informou que avisou sobre as irregularidades à chefe de gabinete da secretária-geral do TSE, Ludmila Boldo Maluf. Ele alegou que foi exonerado pelo TSE na manhã dessa terça-feira (25), após enviar um e-mail, emitido pela rádio JM On Line, em que a emissora teria admitido que, dos dias 7 a 10 de outubro, havia deixado de repassar em sua programação 100 inserções do presidente da República, Jair Bolsonaro, candidato à reeleição.
“Especificamente na data de hoje, o declarante, na condição de coordenador do pool de emissoras do TSE, recebeu um e-mail emitido pela emissora de rádio JM On Line no qual a rádio admitiu que, dos dias 7 a 10 de outubro, havia deixado de repassar em sua programação cem inserções da Coligação Pelo Bem do Brasil, referente ao candidato Jair Bolsonaro; que o declarante comunicou o fato para Ludmila Boldo Maluf, chefe de gabinete do secretário-geral da presidência do TSE, por meio de e-mail; que cerca de 30 minutos após esta comunicação foi informado, pelo seu chefe imediato, de que estava sendo exonerado”, informou Machado, no depoimento.
Ludmila é servidora concursada do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e foi cedida para o TSE em agosto deste ano. Ela é casada com Paulo José Leonesi Maluf, que tem uma longa relação com o presidente do TSE. Maluf foi assessor especial de Moraes, no Ministério da Justiça, em 2017. Quando Moraes assumiu como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Maluf atuou como assessor, entre 2017 e 2019, e depois chefe de gabinete de Moraes, de 2019 a 2020.
TSE diz que assessor não era coordenador
A exoneração do assessor ocorreu um dia depois da campanha de reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) ter apresentado detalhes da acusação de que foi prejudicada nas inserções da propaganda de rádio.
Segundo a petição apresentada ao TSE, na noite dessa terça-feira (25) ,cerca de 150 mil inserções não teriam sido veiculadas, especialmente em rádios da região Nordeste do Brasil. O número consta de uma auditoria feita pela Audiency Brasil Tecnologia Ltda., empresa contratada pela campanha.
De acordo com as informações apuradas pela revista Oeste, o ministro Alexandre de Moraes determinou que uma equipe começasse imediatamente os trabalhos para localizar os e-mail que teriam sido enviados para Ludmila Boldo Maluf. Moraes também determinou que sejam encontradas as denúncias que, segundo o servidor exonerado , foram feitas desde 2018 apontando falhas na fiscalização e na divulgação das inserções das propagandas eleitorais.
O TSE informou a Revista Oeste que o servidor exonerado Alexandre Machado não possui o cargo de coordenador do pool de emissoras responsáveis pela veiculação das inserções, mas era somente “um dos assessores” que atuavam no local.
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