Desgastado pela pressão do presidente Jair Bolsonaro para uma troca no comando da Polícia Federal, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, procurou mostrar resultados concretos de gestão a uma plateia de investidores na manhã desta quinta-feira, 5. O ministro reputou o combate à corrupção e ao crime organizado como fundamental para o ambiente de negócios no País. “O governo está na direção certa trazendo mais segurança pública para as pessoas e melhorando o ambiente de negócios”, disse.
Ele afirmou que os índices de criminalidade nacional estão em queda. “Um esforço maior também dos Estados no âmbito da segurança pública tem levado a uma significativa redução dos índices da criminalidade desde o início do ano.”
O ministro afirmou que até março deste ano não havia estatísticas oficiais sobre crime, mas que o governo federal criou um sistema novo, que tem revelado uma queda. “Antes que se desconfie dos dados oficiais, esses dados convergem com os apresentados por essas ONGs, em geral elas não têm muito a simpatia do governo federal”, disse.
Segundo Moro, a queda no primeiro semestre no número de homicídios é de cerca de 25%. “O que significa que 6 mil pessoas não perderam a vida em comparação com o mesmo período do ano”, disse. “Ainda assim, os indicadores são muito altos e temos de trabalhar muito mais para buscar números melhores.”
Para ele, altos índices de criminalidade geram temores em investidores e turistas. O ministro citou o fortalecimento da criminalidade organizada nos últimos 15 anos. “Sempre soubemos que a corrupção era um grande problema no Brasil e nós vivenciamos nos últimos anos essa gigantesca investigação”, disse, lembrando da Operação Lava Jato. “Existe um planejamento consistente dentro do ministério para enfrentar esses problemas.”
Na defesa da política de segurança do atual governo, ele criticou projetos anteriores, como os das Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs), no Rio de Janeiro, e a falta de ação para isolar líderes de organizações criminosas, em São Paulo, citando a onda de ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC), em 2006. Em contrapartida, ele defendeu a atuação do governo de Bolsonaro na atuação da crise no Ceará no começo do ano.
Troca na PF
A saída do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, indicado por Moro, já é dada como certa nos bastidores. A PF avalia que o ministro foi “emparedado” pelo presidente Jair Bolsonaro, vem sofrendo sucessivas derrotas no governo e perderá de vez o poder de comando se não tiver carta branca para indicar o substituto de Valeixo. A troca está sendo vista na PF como uma “capitulação” do ministro a interesses políticos.
Moro deixou a palestra sem falar com jornalistas, por uma saída reservada. Da mesma forma, na quarta-feira, 4, o ministro havia deixado uma entrevista coletiva apenas três minutos após o início, sem responder a uma pergunta sobre uma declaração do presidente sobre troca no comando da PF. Moro participou da conferência “Agenda do Brasil para Crescimento Econômico e Desenvolvimento”, promovida pelo Council of the Americas (COA). Antes dele, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, falou sobre a necessidade de reforçar a pauta comercial com os Estados Unidos.
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