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'É indecente usar caixão como palanque', diz Witzel sobre morte de Ágatha

Em entrevista coletiva, governador do Rio lamentou a morte, mas defendeu política de segurança.

Dois dias após a morte de Ágatha Félix, 8 anos, baleada no Complexo do Alemão, o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), criticou o suposto uso da morte da garota, pela oposição, como palanque político. "É indecente usar caixão como palanque, especialmente de uma criança", disse em entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira, 23.

Witzel também defendeu a manutenção do excludente de ilicitude no pacote anticrime do ministro da Justiça, Sérgio Moro, em tramitação no Congresso Nacional.


O excludente de ilicitude poderá permitir que agentes de segurança não sejam punidos por excessos durante o trabalho. Segundo a proposta, o juiz poderá reduzir a pena pela metade ou até não aplicá-la se estiver convencido de que o agente de segurança que cometeu o excesso estava sob “escusável medo, surpresa ou violenta emoção".

Ex-juiz, o governador disse que a tipificação penal atual já é adequada, mas afirmou que a mudança vai tornar a situação mais clara. Witzel afirmou que a morte de Ágatha "foi um caso isolado" e defendeu a política de enfrentamento de seu governo, iniciado em janeiro.

“A política de segurança pública que eu determinei está mostrando resultados favoráveis, está reduzindo os índices de criminalidade, trazendo de volta a paz à população, e nós estamos retomando territórios até então dominados pelo crime organizado”, disse Witzel.

“Eles (os secretários de Polícia Civil e Militar) estão apresentando resultados nunca antes alcançados. Estou satisfeito, e não há motivo para que um fato isolado como esse sirva para modificar todo o trabalho realizado”, afirmou. “Nós não temos a menor intenção de parar o que está sendo feito.”

Acompanhado dos secretários da Polícia Militar, Rogério Figueredo, e da Polícia Militar, Marcus Vinicius Braga, Witzel afirmou que a polícia não procura o enfretamento. “Quem cria (confrontos com a polícia) são as organizações criminosas, que querem parar a segurança pública do Rio de Janeiro. Nós não podemos embarcar nessa canoa furada”, disse.

Para Witzel, "sem confronto" os índices de criminalidade não estariam caindo como demonstram as estatísticas do Instituto de Segurança Pública, órgão do governo estadual.

O governador também acusou os usuários de drogas como culpados “diretos” pela morte de Ágatha. “Aqueles que usam maconha, cocaína de forma recreativa, façam uma reflexão, porque vocês são diretamente responsáveis pela morte da menina Ágatha”, afirmou. “Você tirou a vida dessa menina, você que dá dinheiro para alimentar esses genocidas que estão de escudo humano nas comunidades. Quem fuma maconha, cheira cocaína e usa entorpecentes ajudou a apertar esse gatilho.”

Questionado sobre a demora para se manifestar sobre a morte de Ágatha, criticada principalmente ao ser comparada com a conduta do governador no caso do rapaz que rendeu passageiros de um ônibus na ponte Rio-Niterói, semanas atrás, Witzel disse que reagiu de forma diferente “porque são casos diferentes”. “No caso de Ágatha, eu não estava acompanhando, recebi as informações de forma indireta, e eu conversei com os secretários, até que pudesse fazer um juízo de convicção”, argumentou.

Instado a dar uma mensagem à família de Agatha, Witzel disse que “não sou um desalmado, sou uma pessoa de sentimentos”. “Mas não é porque nós temos um fato terrível como esse que nós vamos parar o Estado. A gente tem que continuar, ter forças para continuar. Não é porque tem um acidente de carro que na rua que nós vamos tirar todos os carros da rua”, comparou.

Witzel negou que seja mais brando com policiais que erram do que com criminosos. “Eu não tenho bandido de estimação”, repetiu.

O governador informou que conversou no final de semana com o ministro Sérgio Moro, e contou ter uma reunião marcada com ele para a próxima quarta-feira para debater a questão da segurança do estado. O secretário da Polícia Civil também defendeu a política de confronto e tentou desvinculá-la da tragédia. “A gente não pode, de maneira nenhuma, ligar a morte da menina Ágatha à política de segurança do Rio de Janeiro”, afirmou o Marcus Vinícius Braga, secretário de Polícia Civil.

Sobre a apuração do crime, o delegado Antônio Ricardo Nunes, chefe do Departamento Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa, afirmou a Polícia apreendeu dois fragmentos de projétil. Eles serão encaminhados para perícia. “Faremos o exame de confronto balístico ainda esta semana”, disse.

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