O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, classificou como "excelente" e "bem-vinda" a ajuda de cerca de R$ 90 milhões para combater os incêndios na Amazônia anunciada nesta segunda-feira, 26, pelo G-7, o grupo de países mais ricos do mundo. Sobre a proposta de apresentar um plano de reflorestamento para o Brasil e países vizinhos, com ajuda de organizações não governamentais (ONGs), Salles disse que a decisão de como aplicar o dinheiro ficará a critério do governo.
"Quem vai decidir como usar recursos para o Brasil é o povo brasileiro e o governo brasileiro", disse Salles sobre a colaboração com entidades do terceiro setor, acrescentando que "qualquer ajuda é bem vinda".
O ministro ainda cobrou de países desenvolvidos um crédito de US$ 2,5 bilhões (o equivalente a R$ 10 bilhões) que o País teria, segundo ele, de acordo com os termos do Protocolo de Kyoto.
"Desde 2005, o Brasil tem cerca de 200 milhões de toneladas de gás carbônico em MDL, mecanismo de desenvolvimento limpo, para receber. Isso gera uma receita de US$ 2,5 bilhões", disse. "Pedimos para que os países desenvolvidos, inclusive os do G-7, nos ajudem a quitar essa fatura do Protocolo de Kyoto, esse crédito que o Brasil tem e que também seria muito bem-vindo para nós."
O número de queimadas no Brasil atingiu neste ano seu maior nível desde 2013, no período de janeiro a agosto, segundo dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Salles atribui esse resultado, com a alta de 82% em relação ao ano passado, à seca e temperaturas altas na Região Norte, mas admite que o desmatamento "contribuiu" para o aumento de queimadas.
"Se você olhar a série histórica, nós vimos que vem oscilando de acordo com essas características: clima arco e tempo quente. De todo modo, também o desmatamento contribui para essa questão das queimadas", disse o ministro.
Desenvolvimento
Salles falou sobre o anúncio do G-7 na saída de uma convenção do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi), na capital paulista. Durante o evento, o ministro atribuiu o problema do desmatamento na Amazônia e outras questões ambientais, como a ocupação irregular de solo, à falta de "desenvolvimento econômico" e de regras que permitam a "exploração adequada da riqueza".
"Congelar a Amazônia não me parece que funcionou", disse o ministro, durante a abertura da convenção. Ele argumentou que "a miséria, a pobreza, a falta de desenvolvimento é o pior problema do meio ambiente."
Durante a cerimônia, o presidente do Secovi, Basilio Jafet, elogiou o ministro e reclamou do "emaranhado" de leis ambientais no País, e fez um apelo para que o governo Bolsonaro tome medidas para dar mais segurança jurídica ao setor imobiliário, com regras de regulação ambiental claras. O ministro concordou.
Salles foi aplaudido de pé no auditório. Quem puxou a salva de palmas foi o secretário estadual de Habitação de São Paulo, Flávio Amari. Segundo o secretário, Salles atualmente enfrenta desafios "inimagináveis" à frente do Ministério do Meio Ambiente.
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