Preso na Espanha com 39 kg de cocaína em voo da Força Aérea Brasileira (FAB), o segundo-sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues tinha, até o início do mês, uma dívida de R$ 1.381,25, referentes a três parcelas do condomínio do seu apartamento em Taguatinga, cidade nos arredores de Brasília. O militar só quitou a dívida após ter sido processado pelo próprio condomínio.
Rodrigues, que é comissário de bordo, fazia parte da comitiva de 21 militares que acompanha a viagem de Bolsonaro ao Japão, onde participará da reunião do G-20. O avião da Força Aérea Brasileira (FAB) em que estava o militar é usado como reserva da aeronave presidencial e, portanto, esta comitiva não fazia parte do mesmo voo que transportou o presidente. A droga foi encontrada em sua bagagem ao desembarcar em Sevilha, na Espanha, primeira etapa da viagem.
- Foto: DivulgaçãoSegundo-sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues
O imóvel de Rodrigues fica num condomínio com piscina e salão de festa, a cerca de 30 km do Palácio do Planalto. O apartamento está ocupado, mas os funcionários do prédio não disseram se o sargento vive no local e também se recusaram a interfonar a pedido da reportagem.
O preço de uma propriedade no condomínio varia de R$ 150 mil a 210 mil (há opções de 2 e 3 quartos), e alugueis vão de R$ 1 mil a R$ 1,6 mil, segundo condôminos ouvidos pelo Estado. Nenhum deles disse não conhecer o militar.
Além desse imóvel, Manoel Silva Rodrigues consta como proprietário de um apartamento na Asa Sul, em Brasília, onde hoje vivem a ex-mulher e dois filhos. Segundo vizinhos, ele já não mora no local há cerca de dois anos. Moradores do prédio, Rodrigues é uma pessoa simples, calada, que não aparenta ostentação e costuma andar de moto. Eles se disseram surpresos com a notícia da prisão por tráfico de drogas. Uma moradora arriscou que o segundo sargento poderia ter caído em “tentação”. O vice-presidente, Hamiltom Mourão, o chamou de “mula qualificada”.
Questionada pela reportagem, a ex-esposa do militar não quis comentar o assunto.
Sigilo. O Comando da Aeronáutica impôs sigilo à investigação e se recusou a informar se Rodrigues foi submetido a alguma vistoria antes de embarcar no avião oficial.
“O fato em si é objeto da investigação e corre sob sigilo. Existe um controle dos tripulantes e das bagagens”, afirmou o porta-voz da Força Aérea Brasileira (FAB), major aviador Daniel Rodrigues Oliveira, acrescentando que a vistoria inclui “Raio-X e tudo aquilo que seja necessário”.
Bolsonaro voltou ao assunto ontem ao afirmar, em sua live semanal, que o militar pagará um “preço alto”. “Na primeira viagem nossa, ele deu azar. ‘Créu’. É melhor ‘jair’ se acostumando. Porque conosco é assim”, avisou.
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