Uma história inusitada aconteceu com o advogado Eduardo Goldenberg, de 46 anos. Ele narrou os fatos em seu perfil do Facebook e teve milhares de curtidas e compartilhamentos.
Tudo aconteceu durante a virada de ano em Copacabana, quando ele teve sua carteira furtada ao desembarcar da estação de metrô Siqueira Campos. Na terça-feira (5), ao chegar ao trabalho, encontrou um envelope com quase todo o dinheiro que havia sido furtado. No envelope também havia um bilhete com um pedido de perdão, escrito pelo homem que o roubou.
"Dr. Eduardo estou devolvendo seu dinheiro que eu peguei da sua carteira no dia 31 em Copacabana. Não dormi arrependido e peço que me perdoe. Feliz Ano Novo. Só tirei cinquenta reais pra comprar uma champanhe pra minha mãe. Fábio.", dizia.
O advogado não sabe quem foi o autor do crime, que se identificou apenas como Fábio, mas afirmou que caso ele tivesse pedido, teria dado uma bebida melhor. “Sem deboche, eu daria uma garrafa de champanhe melhor para ele”, disse.
“Não tenho ideia de quem ele seja e torço muito para que ele me procure. Já que ele me pede para que eu perdoe, talvez dizer que eu o perdoei dê um alívio maior ainda. Eu tive zero raiva. Eu acho que todos esses caras são vítimas, eles não estão absolvidos de cara, evidente, mas eles não precisam de repressão e sim de assistência. É a educação que salva”, afirmou o advogado em entrevista ao G1.
"Não sei o que eu faria, daria um abraço no cara. Não teria condição de empregar ninguém, mas procuraria saber qual a necessidade dele. Devolver não precisa de questionamento, é uma prova de que ele é um cara correto, mas o que levou ele a fazer isso? Quem gosta de conhecer gente, gosta de conhecer a história das pessoas. Queria saber o que levou ele a devolver o dinheiro. Tem um milhão de coisas aí. O grande fascínio, que é uma história bonita de Ano Novo, é ter um milhão de histórias por dentro: da mãe dele, a dele, mil desdobramentos.", concluiu.
Leia o relato completo:
Estou desde terça-feira, 05/01/2016, ainda impactado, decidindo com meus botões se conto ou se não conto a história que vivi entre a noite do dia 31, em Copacabana, e o começo da tarde do dia 05 de janeiro. Se estou aqui a dizer-lhe isso, é claro, decidi contar e dividir as emoções que a coisa envolve. Eu, décadas de réveillon em Copacabana nas costas, sempre parti pro furdunço munido apenas da chave de casa, um pouco dinheiro que me baste pra beber na praia e um documento de identidade, nada mais. Nesse último réveillon, sem qualquer razão aparente, saí de casa com a carteira que uso no meu dia-a-dia: cheia de documentos, carteira da OAB, cartões de banco, da seguradora, carteira do plano de saúde, do programa de sócio-torcedor do Flamengo, meus cartões de visita, tudo. E R$ 1.017,00 em dinheiro - vá entender.
Mal saltamos na estação Siqueira Campos, plau!, senti uma mão estatelada no bolso esquerdo da bermuda cargo que eu vestia e adeus carteira, adeus dinheiro e nada disso importa, é 31 de dezembro, que façam bom uso do dinheiro, dos documentos eu peço a segunda via e vamos pra festa que é o que interessa. A única alteração no programado foi que perdi 10min ao telefone cancelando os dois cartões que eu carregava.
Fim do primeiro ato.
Estamos almoçando no dia primeiro com amigos na mesmíssima casa onde estivemos na noite da virada e recebo uma mensagem aqui pelo Facebook. Um cara, cuja identidade preservo em respeito, me contava que achara, na noite anterior, na própria Siqueira Campos, minha carteira com alguns documentos dentro. Fui, por razões de logística, no domingo à noite, ao seu encontro: recuperei, efetivamente, a carteira e todos os documentos (todos!, a única coisa cuja falta senti foram meus cartões de visita).
Fim do segundo ato.
Não fui trabalhar na segunda-feira. Na terça, chegando ao escritório, me deparei com um envelope branco fechado, sem nada escrito nem na frente e nem no verso, com considerável volume dentro: senti que era dinheiro, só no tato.
Entrei, já aflito. Tranquei a porta. Acendi as luzes, sentei-me, pus os óculos, abri com cuidado o envelope e contei, atônito, R$ 967,00 em dinheiro.
E ainda um bilhete manuscrito cuja foto acompanha essa historinha.
"Dr. Eduardo estou devolvendo seu dinheiro que eu peguei da sua carteira no dia 31 em Copacabana. Não dormi arrependido e peço que me perdoe. Feliz Ano Novo. Só tirei cinquenta reais pra comprar uma champanhe pra minha mãe. Fábio.".
Eu só chorava. Quem me protege não dorme."
Tudo aconteceu durante a virada de ano em Copacabana, quando ele teve sua carteira furtada ao desembarcar da estação de metrô Siqueira Campos. Na terça-feira (5), ao chegar ao trabalho, encontrou um envelope com quase todo o dinheiro que havia sido furtado. No envelope também havia um bilhete com um pedido de perdão, escrito pelo homem que o roubou.
Imagem: Reprodução/Facebook O ladrão devolveu o dinehiro e pediu desculpas ao advogado
"Dr. Eduardo estou devolvendo seu dinheiro que eu peguei da sua carteira no dia 31 em Copacabana. Não dormi arrependido e peço que me perdoe. Feliz Ano Novo. Só tirei cinquenta reais pra comprar uma champanhe pra minha mãe. Fábio.", dizia.
O advogado não sabe quem foi o autor do crime, que se identificou apenas como Fábio, mas afirmou que caso ele tivesse pedido, teria dado uma bebida melhor. “Sem deboche, eu daria uma garrafa de champanhe melhor para ele”, disse.
“Não tenho ideia de quem ele seja e torço muito para que ele me procure. Já que ele me pede para que eu perdoe, talvez dizer que eu o perdoei dê um alívio maior ainda. Eu tive zero raiva. Eu acho que todos esses caras são vítimas, eles não estão absolvidos de cara, evidente, mas eles não precisam de repressão e sim de assistência. É a educação que salva”, afirmou o advogado em entrevista ao G1.
"Não sei o que eu faria, daria um abraço no cara. Não teria condição de empregar ninguém, mas procuraria saber qual a necessidade dele. Devolver não precisa de questionamento, é uma prova de que ele é um cara correto, mas o que levou ele a fazer isso? Quem gosta de conhecer gente, gosta de conhecer a história das pessoas. Queria saber o que levou ele a devolver o dinheiro. Tem um milhão de coisas aí. O grande fascínio, que é uma história bonita de Ano Novo, é ter um milhão de histórias por dentro: da mãe dele, a dele, mil desdobramentos.", concluiu.
Leia o relato completo:
Estou desde terça-feira, 05/01/2016, ainda impactado, decidindo com meus botões se conto ou se não conto a história que vivi entre a noite do dia 31, em Copacabana, e o começo da tarde do dia 05 de janeiro. Se estou aqui a dizer-lhe isso, é claro, decidi contar e dividir as emoções que a coisa envolve. Eu, décadas de réveillon em Copacabana nas costas, sempre parti pro furdunço munido apenas da chave de casa, um pouco dinheiro que me baste pra beber na praia e um documento de identidade, nada mais. Nesse último réveillon, sem qualquer razão aparente, saí de casa com a carteira que uso no meu dia-a-dia: cheia de documentos, carteira da OAB, cartões de banco, da seguradora, carteira do plano de saúde, do programa de sócio-torcedor do Flamengo, meus cartões de visita, tudo. E R$ 1.017,00 em dinheiro - vá entender.
Mal saltamos na estação Siqueira Campos, plau!, senti uma mão estatelada no bolso esquerdo da bermuda cargo que eu vestia e adeus carteira, adeus dinheiro e nada disso importa, é 31 de dezembro, que façam bom uso do dinheiro, dos documentos eu peço a segunda via e vamos pra festa que é o que interessa. A única alteração no programado foi que perdi 10min ao telefone cancelando os dois cartões que eu carregava.
Fim do primeiro ato.
Estamos almoçando no dia primeiro com amigos na mesmíssima casa onde estivemos na noite da virada e recebo uma mensagem aqui pelo Facebook. Um cara, cuja identidade preservo em respeito, me contava que achara, na noite anterior, na própria Siqueira Campos, minha carteira com alguns documentos dentro. Fui, por razões de logística, no domingo à noite, ao seu encontro: recuperei, efetivamente, a carteira e todos os documentos (todos!, a única coisa cuja falta senti foram meus cartões de visita).
Fim do segundo ato.
Não fui trabalhar na segunda-feira. Na terça, chegando ao escritório, me deparei com um envelope branco fechado, sem nada escrito nem na frente e nem no verso, com considerável volume dentro: senti que era dinheiro, só no tato.
Entrei, já aflito. Tranquei a porta. Acendi as luzes, sentei-me, pus os óculos, abri com cuidado o envelope e contei, atônito, R$ 967,00 em dinheiro.
E ainda um bilhete manuscrito cuja foto acompanha essa historinha.
"Dr. Eduardo estou devolvendo seu dinheiro que eu peguei da sua carteira no dia 31 em Copacabana. Não dormi arrependido e peço que me perdoe. Feliz Ano Novo. Só tirei cinquenta reais pra comprar uma champanhe pra minha mãe. Fábio.".
Eu só chorava. Quem me protege não dorme."
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