Imagem: Agência Brasil Polícia Federal investiga máfia do Bolsa Família
A Polícia Federal deflagrou uma operação para coibir uma máfia feita por comerciantes com cartões do programa federal Bolsa Família. De acordo com a reportagem do jornal Estado de São Paulo nesta segunda, a PF recolheu cartões de beneficiários indígenas que estavam de posse de nove comerciantes de Atalaia do Norte, município a 1.350 quilômetros por via fluvial de Manaus.
Ainda de acordo com a reportagem, o mandado de busca e apreensão dos cartões foi expedido pela Justiça Federal em Tabatinga e foram apreendidos também anotações de vendas, registros de senhas, cadernos de apontamentos de dívidas, comprovantes de saque e extratos bancários.
Os comerciantes poderão ser indiciados e responder a processos por apropriação indébita, estelionato em detrimento de instituições financeiras e furto. As investigações continuarão em outros municípios indígenas, segundo Vincícius Ferreira, delegado do caso.
Sistema do barracão
O sistema da máfia nada mais é do que a uma reformulação do sistema do barracão, que acontecia no século XX, quando o dono de seringal fornecia alimentos e outros produtos para os empregados e ao aumentar as dívidas, os empregados nunca conseguiam pagar, sendo assim obrigados a trabalhar para pagar a conta.
Os comerciantes retinham os cartões como garantia do pagamento das dívidas, mas os indígenas entregavam não só seus cartões do Bolsa Família, mas também suas senhas. Eles mesmos se dirigiam às casas lotéricas para a retirada do dinheiro do benefício e acompanhar a movimentação das contas.
A polícia ouvirá tanto as vítimas como os acusados da máfia dos cartões e investigará suposto apoio das casas lotéricas ao crime.
133.161 famílias indígenas
Tereza Campello, ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), demonstrou indignação com o crime praticado por comerciantes do município e encaminhou a denúncia para a Polícia Federal de Brasília.
Atualmente no país 133.161 famílias indígenas são beneficiadas pelo programa. Segundo Beto Marubo, do movimento indígena da região, os programas sociais não entram nas aldeias e isso incentiva a migração de família do Território Indígena do Vale do Javari para a região urbana em Atalaia do Norte.
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