- Foto: DivulgaçãoJúlio César Cardoso
O triunvirato do clã Bolsonaro desgasta a nação e só contribui para consagrar o epíteto de “gabinete do ódio”.
Em época sombria por que passa o país e o mundo com a pandemia do coronavírus fragilizando os indivíduos e desafiando a comunidade médica científica, lamenta-se que alguém de aura perturbadora venha desviar o foco para fazer considerações políticas rasteiras, que só descontroem as relações civilizadas.
Reporto-me à crítica do vereador carioca Carlos Bolsonaro contra o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, devido a uma mensagem postada pelo governador do Maranhão, Flávio Dino, após o encontro com governadores dos nove Estados da Amazônia Legal, realizado na quinta-feira 2:
“Tivemos uma reunião com diálogo técnico, respeitoso, sensato. Claro que Mourão não é do meu campo ideológico. Mas, se Bolsonaro entregar o governo para ele, o Brasil chegará em 2022 em melhores condições”, escreveu o governador.
E Carluxo “tuitou”: “O que leva o vice-presidente da república a se reunir com o maior opositor SOCIALISTA do governo, que se mostra diariamente com atitudes completamente na contramão de seu presidente?”, escreveu o vereador.
Segundo o colunista de UOL Josias de Souza, Carlos Bolsonaro é o primeiro vereador federal a dedicar-se em tempo integral à tarefa de criar as assombrações que assustam o seu pai. Chama-se Hamilton Mourão o penúltimo fantasma criado pelo filho Zero Dois de Jair Bolsonaro. E sob a influência de Carluxo, o presidente sente a cadeira bamba. Confere a miúde a posição dos parafusos. Declara-se convencido de que gente graúda o espreita, à espera de um “tropeção” que sirva de pretexto para o impeachment.
Breves considerações. Flávio Dino e os demais membros do PCdoB são todos, na realidade, pseudocomunistas, pois não abrem mão de viver no mundo capitalista, senão já estariam todos radicados em Cuba ou em outra república comunista.
O falecido poeta maranhense Ferreira Gullar, em vida, deixou transparecer que foi um militante comunista de araque, como também são os atuais integrantes do partido comunista brasileiro. E antes de morrer deixou cunhada esta pérola: “Quando ser de esquerda dava cadeia, só alguns poucos assumiam essa posição. Agora, quando dá até emprego, todo mundo se diz de esquerda”, dito durante a fase do governo petista.
Agora, tachar o vice-presidente de comunista ou traidor só porque cortesmente manteve algum diálogo com o governador maranhense, é beirar ao radicalismo extremo da ignorância. Afinal, o bom político (e estadista) deve pensar grande e se relacionar com todas as vertentes políticas, principalmente quando estiverem em jogo os interesses do país.
Muito diferente de Jair Bolsonaro - beligerante por natureza e sem cacoete de estadista, por isso no caso do enfrentamento à pandemia do coronavírus tem irritado a nação com pronunciamentos insensatos e comprando briga desnecessária com os governadores de SP e RJ, quando devia neste momento estar solidário para encontrar soluções racionais -, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, demonstra em gesto de civilidade que é mais preparado para governar o Brasil.
Júlio César Cardoso
Servidor federal aposentado
Balneário Camboriú-SC
*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1
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