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  • Foto: DivulgaçãoJúlio César CardosoJúlio César Cardoso

Apenas para compreensão do presente texto, tomemos, por exemplo, a declaração dada ao “Agora RN” pelo vereador de Natal (RN) Ney Lopes Jr, em que o parlamentar enfatiza que não é político por profissão, mas pela vocação que herdou do seu pai ex-deputado Ney Lopes.

Por já ter acompanhado a trajetória de muitos políticos no Brasil, encontro bastante dificuldade de aceitar a lealdade e capacidade de alguém que se considere vocacionado para a política por ter nascido em berço político, ou seja, tem na família elementos que exercem ou exerceram mandatos políticos.


Ninguém nasce político. Política não é profissão. Exercício político é apenas um cargo transitório de prestação de serviço ao país.

Aliás, no dia em que o exercício político deixar de ser remunerado e o político passar a receber apenas uma ajuda de custo para cobrir as despesas parlamentares, não tenho dúvida de que muitos aventureiros pelo cabide de emprego público desistirão do Parlamento e sobrarão apenas aqueles cidadãos e cidadãs interessados em empregar os seus conhecimentos de formação acadêmica e profissional em prol do país.

Política deveria ser um exercício de mandato com prazo certo para acabar e não suscetível de reeleição. A reeleição política escudada no imoral instituto do voto obrigatório, que deveria ser revogado, tem contribuído negativamente para o atual quadro político nacional, constituído de indivíduos sem ilibada conduta, incompetentes e ávidos pelo cabide de emprego público.

A reeleição política é a porta de entrada para a formação dos chamados políticos profissionais. Isto é, políticos que se consideram indispensáveis à vida parlamentar e não querem mais largar a boquinha rica das benesses públicas, que remunera muito bem e proporciona uma série de vantagens, pagas por todos nós contribuintes.

Certa feita o jornal espanhol El País escreveu que ser político no Brasil é um grande negócio, é como acertar na loteria, dadas as vantagens auferidas pelos políticos. A maioria entra para a política e não quer mais sair, esquecendo as suas próprias profissões de origem.

Um jovem vereador com todo um histórico acadêmico de dar inveja, com formação em Direito, Jornalismo, Mestre em Direito Econômico etc. presume-se ser portador de grande competência.

Mas a competência curricular deveria ser consolidada na atividade privada profissional, como é a aspiração de todos os jovens ou detentores de tantos títulos acadêmicos. Trocar toda bagagem acadêmica para se tornar um vereador em detrimento de suas atividades profissionais mais lucrativas não me parece muito transparente. Ou a sua competência é apenas acadêmica e vale a pena largar tudo pela política compensatória?

Júlio César Cardoso

Servidor federal aposentado

Balneário Camboriú-SC

[email protected]

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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